quarta-feira, 28 de maio de 2008

De castigo!

E de repente um exame banal apontou que as enzimas do meu fígado estão aumentadas (sei lá o que isto significa!). Em seguida, me mandaram para uma batelada de exames. O ultra-som revelou uma esteatose hepática. Sim, tenho foie gras! Chique, não? Minha personal-nutricionista-clínica não achou.

Pois é, eu tenho em casa uma Nutricionista especializada, coincidentemente, em transplante de fígado e outras mazelas hepáticas. Acostumada a tratar casos complicadíssimos, Gabriela me condenou a uma "dieta braba". Dois meses de castigo: pouquíssimo carboidrato, nada de açúcar, nada de gordura saturada, nada de bebida. Muita fibra, um pouco de gordura monoinsaturada, mais exercício. Liberou, apenas para o sofrimento não ser total, 125ml de vinho por dia e 25g de chocolate - mas tem que ser aquele com 60% de cacau, no mínimo.

Tenho passado a arroz integral, aveia, mais frutas e nozes, além da salada e verduras de sempre. Não que eu não goste. Em posts antigos já disse que poderia ser vegetariano... Mas sinto falta, muita falta, das comidas proibidas: manteiga, pão francês, doces, queijos e vinhos.

Nas duas últimas semanas esta mudança de hábitos me desmotivou a cozinhar. Afinal, sou magro, mantenho o peso há anos, não costumo exagerar. Portanto, considero que fazer dieta forçado não é lá muito justo. Somente agora começo a tentar achar alternativas mais saborosas para minha dieta. Fazendo do limão uma limonada (note bem: sem açúcar!), de vez em quando vou postar por aqui as minhas experiências culinárias durante os 2 meses de castigo. A Gabi vai supervisionar. Assim garanto que não farei nenhuma extravagância.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Canivete Suíço II

Três dias em Buenos Aires

Aceitei o convite do meu grande amigo Rogério e titular deste blog para inaugurar o democrático espaço criado para a manifestação dos leitores.

Já tinha em mente um outro texto sobre uma paixão que compartilhamos: os cavalos. Aliás, foi através desses magníficos animais que iniciamos nossa amizade. Mas esta história eu conto em outra oportunidade.

Final de semana passado, após uma série de coincidências agradáveis, minha esposa e eu fomos comemorar o aniversário dela na pitoresca capital portenha. Como diz a Kelly "so many things, so little time"... E o que fazer de bom por lá?

Dicas e indicações dos amigos não faltaram, mas passarei adiante três que realmente valeram à pena do pouco que conhecemos.


O espetáculo no centenário Café Tortoni foi muito bom. O primeiro instante do show me apavorou: uma dramatização representando um bordel portenho, briga de faca e um desfecho grotesco. Mas depois a coisa virou música e dança e o show fez sentido. Os artistas eram de primeira linha, as músicas eram os super hits do tango e a gente sai de lá querendo aprender a dançar, tocar, comprar cd, dvd, e tudo mais que um turista inexperiente tem direito.


Recomendo, ao contrário do que fizemos, guardar certa distância do palco. Confesso que senti frio na barriga ao deparar muito, mas muito próximo de nossas cabeças dois ameríndios tocando tambor e batendo os pés; suas boleadeiras cortavam o ar tirando casquinhas do público estático na fila do gargarejo.

Inesquecível bife de chorizo na Cabaña Las Lilas à parte, fomos garimpar vinhos. Recebemos recomendação do Rogério para irmos a Le choix des vins. Lá fomos nós. Atendidos com muita simpatia pela Dna. M. Magdalena Sallaberry, constatamos uma boa variedade de produtos numa loja preocupada com o acondicionamento correto das garrafas.

De pronto adquirimos meia-dúzia seguindo nosso limitado conhecimento de aprendizes e aconselhados pela simpática senhora. Os vinhos foram entregues no hotel muito bem protegidos e embalados dentro de uma caixa de madeira que nem os relapsos funcionários dos dois aeroportos conseguiram destruir, apesar de várias tentativas.

No final da viagem quase a caminho do aeroporto demos uma rápida passada no caldeirão de la Bambonera para adquirir uma camisa oficial do Boca Juniors encomendada pelo meu filho Lucas. Ufa! Chegamos ao aeroporto em tempo de adquirir mais seis garrafas a preços módicos no Duty Free.

Café Tortoni - Avda. de Mayo, 852/9 - www.cafetortoni.com.ar
Cabaña Las Lilas - Alicia Moreau de Justo, 516 - Puerto Madero - www.laslilas.com.ar
Le choix des vins - Posadas, 1166 - www.lechoixdesvins.com

Marco Tirelli, 19 de maio de 2008

“Canivete Suíço” é um espaço que o AmuseBouche abre para qualquer tema, idéia ou assunto não relacionado ao tema principal do blog. Os amigos da blogsfera estão convidados a participar, enviando seus textos e idéias para rmo77@uol.com.br

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Acontece


Era para ser uma sopa de cebola ao vinho tinto, com crosta de massa folhada crocante e estufada por cima. Não sei bem onde errei. Pelo jeito não prendi bem a massa às bordas dos ramekins. Deu neste desastre aí da foto. Foi tudo pro lixo. Me lembrei deste post da Ana Elisa.

Como diria uma amiga minha, "acontece nas melhores famílias da Riviera Francesa...". Vou tentar de novo qualquer dia destes.

P.S. - ainda bem que sobrou bastante sopa na panela...jantar a salvo.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Radioclube



Se tem uma coisa que eu detesto é ficar mudando o rádio do carro de estação a cada 2 minutos. Normalmente deixo o dial na Cultura FM ou na CBN. Quando muito na Sul América, para saber se o trânsito piorou ainda mais (se é que isto é possível). Mas um dia destes, enquanto esperava pela Gabriela, esbarrei no ótimo "Sala dos Professores" da rádio Eldorado FM.

O programa é apresentado pelo Daniel Daibem e vai ao ar diariamente às 19hs. Toca, de forma descontraída e mesmo didática, bom Jazz e boa música brasileira. Entre uma música e outra fala-se de ritmo, tema e variações, instrumentação, improviso e um monte de outras coisas interessantes. Fiquei freguês.

Sala dos Professores
Apresentado por Daniel Daibem diariamente às 19hs.
Eldorado FM - 92,9 Mhz - São Paulo

sábado, 17 de maio de 2008

Para a Fer do "Chucrute"

Em seu post de 15 de maio, a Fernanda, do Chucrute com Salsicha, reclama do calor que começa a chegar lá no hemisfério norte. Entendo o que ela sente. Detesto o verão e seus dias abafados. Principalmente porque moro em São Paulo e não há muito a fazer por aqui nesta época. Não temos praias e os parques são poucos, geralmente mal cuidados, de acesso complicado (onde estacionar?!?!). De dezembro a março parece que o trânsito fica ainda mais insuportável na cidade. Os corajosos enfrentam horas de engarrafemento para chegar ao litoral nos finais-de-semana. Temporais caem à tardinha, bem na hora do rush. Ao invés de refrescar, alagam, quebram árvores e bagunçam o tráfego. Passar o verão em São Paulo é tortura.



E apesar da temperatura, agora amena por aqui, resolvi fazer esta salada com o moyashi que sobrou do post abaixo. É bem refrescante e foi inventada quando eu tinha uns 15 anos, durante uma fase meio natureba de adolescente que quer ser músico. Espero que sirva para tornar o verão da Fernanda um pouco mais agradável. E viva a solidariedade na blogsfera! :))

Salada de Broto de Feijão e Hortelã

Ingredientes:

- 250g de brotos de feijão (moyashi).
- 1 tomate sem semente picado em lascas bem fininhas.
- Bastante hortelã fresca, picada em tirinhas (eu costumo cortar as folhas com a tesoura diretamente na tigela onde a salada vai ser preparada).
- Um pouco de coentro fresco picado.
- Molho de soja (Shoyu) a gosto.
- 2 colheres de sopa de azeite de oliva.
- Suco de limão a gosto (eu coloco bastante).
- 2 gotas (somente 2) de óleo de gergelim.

Modo de Preparo:

1. No recipiente que irá a mesa, misture o moyashi, o tomate picado, a hortelã e o coentro. Leve a geladeira por uns 30 minutos ou até que esteja gelado.

2. Apenas na hora de servir, misture os demais ingredientes: shoyu, azeite, suco de limão e óleo de gergelim.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Outra vez!


Sopa de novo. Desculpe-me. No inverno é assim mesmo.

A receita, bem inusitada, estava esquecida no meu caderno há pelo menos uns 4 anos. Na época, era a sopinha da moda num restaurante descolado aqui de São Paulo (já não me lembro se foi o Ritz ou o Spot).

Para incrementar, coloquei um punhado de broto de feijão (moyashi) cru. Conferiu ao prato crocância e bom contraste com a cremosidade.

A quantidade de curry depende da qualidade do produto que você utilizar. Costumo usar um bastante picante (da marca “Earthen Pot”), com muito aroma de cardamomo e feno grego, que trago de Cingapura. O que se produz no Brasil é suave, quase sem graça, tem cúrcuma demais. Se optar por curry brasileiro, talvez você precise acrescentar mais pimenta cayenne e uma pitadinha de canela+noz moscada. Varie a quantidade de Limão de acordo com o seu gosto e bom apetite!

Sopa de Banana com Curry

Ingredientes:

- ½ cebola picada.
- 1 colher de sopa de manteiga.
- Cerca de 1 colher de sobremesa de curry.
- 5 bananas prata descascadas e picadas e rodelas.
- 1 batata média cozida e picada.
- 1 litro de caldo de galinha.
- 150ml de creme de leite.
- Suco de limão, a gosto (uso ½ limão).
- Sal a gosto.
- Moyashi, o quanto baste.

Modo de preparo:

1. Numa panela, refogue a cebola na manteiga. Quando estiver transparente, acrescente a banana, o curry, a batata cozida e o suco de limão.
2. Mexa bem e acrescente o caldo de frango. Quando ferver, abaixe o fogo, tampe a panela e cozinhe por cerca de 15 minutos. Após este período, apague o fogo e deixe esfriar um pouco.
3. Bata o conteúdo da panela no liquidificador.
4. Volte o conteúdo à panela, acrescente o creme de leite, acerte o sal e aqueça bem a sopa, sem deixar ferver.
5. Coloque um pequeno punhado de moyashi cru e cada prato, despeje a sopa bem quente por cima e sirva imediatamente.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Piadinha

De Luiz Fernando Veríssimo...

"Certa vez tive de responder a uma questão de Geografia no colégio. Naquele tempo a pior coisa do mundo era ser chamado a responder qualquer coisa no colégio. De pé, na frente dos outros e -- o pior de tudo -- em voz alta. Depois descobri que existem coisas piores, como a miséria, a morte e a comida inglesa."

terça-feira, 6 de maio de 2008

Books for Cooks


Acho que foi no blog do Panelinha que ouvi falar da “Books for Cooks” pela primeira vez. É uma livraria especializada em culinária que fica em Londres, no lado bacana de Notting Hill, perto de Portobello Road. Pequena mas bem suprida, a loja tem uma cozinha no fundo que testa e serve aos clientes receitas dos livros que estão à venda. As melhores são compiladas e publicadas de tempos em tempos.

A sopa abaixo (com algumas adaptações, entre parênteses) saiu de uma das coletâneas: “Books for Cooks – Favourite Recipes from books 4, 5 & 6”. O livro é simples, sem fotos, mas com instruções precisas e idéias bem originais. Contém dicas, sugestões de menu, tabelas de conversão. E o mais importante: receitas que funcionam. Bom para aqueles dias em que se está sem inspiração.

Tomato, Lentil and Orange Soup
Adaptado de “Books For Cooks – Favourite Recipes from books 4, 5 & 6
Pryor Publications
ISBN 1-905253-06-0

Ingredientes:

- 2 laranjas bem lavadas e escovadas.
- 60g de manteiga.
- 1 cebola picada.
- 4 dentes de alho picados.
- 1 pitada de flocos de pimenta vermelha (pimenta calabresa).
- 400g de tomates italianos picados (usei uma lata de tomate pelado com 425g).
- 60g de lentilhas vermelhas (usei 250g de lentilhas marrons para aproveitar o pacote já aberto...)
- 300ml de caldo de galinha ou legumes (usei um litro de caldo de galinha, para compensar a quantidade a maior de lentilhas).
- Sal e pimenta a gosto.
- Salsinha ou hortelã fresca para enfeitar (usei manjericão).

Modo de Preparo:

1. Raspe as cascas das duas laranjas e reserve. Esprema o suco das duas laranjas e reserve.
2. Numa panela grande, refogue a cebola na manteiga, até ficar macia.
3. Acrescente o alho, os flocos de pimenta e as cascas de laranja, misturando bem e refogando por 1 minuto.
4. Acrescente os tomates, a lentilha e o suco de laranja. Misture. Quando levantar fervura, acrescente o caldo de galinha ou legumes e cozinhe por cerca de 30 minutos, até que as lentilhas estejam macias.
5. Passe a sopa pelo liquidificador e, logo após, pela peneira, voltando para a panela.
6. Aqueça bem e acerte o sal e a pimenta do reino.

sábado, 3 de maio de 2008

Canivete Suíço


@#$X*% do Bin Laden! Desde setembro de 2001 a rotina de quem “bate mala” pelo mundo ficou insuportável. A cada novo embarque ou conexão, a mesma celeuma: abre a mochila, tira o laptop. Bota o celular na bandeja. Any coins in your pocket? Tira o cinto e o casaco. Passa pelo raio-x. Piiiiiii. Please go back and take your shoes off! Passa de novo. Guarda tudo de volta. Veste o cinto, o casaco e o sapato...

Por causa disso, há sete anos, aposentei meu canivete suíço. Ia comigo para todo lugar, preso ao chaveiro. Consertou mala quebrada, desencapou fios, abriu pacotes e aparafusou muito cabo de panela frouxo. Descascou fruta, abriu lata e sacou rolha. Esculpiu as iniciais da namorada junto às minhas. Tê-lo comigo dava uma espécie de segurança: em se acabando o mundo, ali estava minha ferramenta de sobrevivência. Bin Laden acabou com isto.

Descobri então quão paradoxal é um canivete suíço. Tão multifuncional e, ao mesmo tempo, tão limitado. Útil em certas funções e ocasiões, inútil em outras (você abriria um vinho raro com o saca-rolhas de um canivete suíço?). Como usar aquele apetrecho em forma de gancho? Ou aquela lâmina pontiaguda com um furinho no meio? Pra que serve? Serve pra tudo; não serve pra nada. Sobrevivi sem ele...

Mesmo esquecido no fundo da gaveta (aposentadoria precoce imposta pelo terrorista), guardo com carinho o paradoxo de 1001 (in)utilidades que está comigo desde a adolescência. Seu destino já é certo: será herdado pelo David. Passará de pai pra filho. Como o relógio que um dia terei, também suíço.

“Canivete Suíço” é um espaço que o AmuseBouche abre para qualquer tema, idéia ou assunto não relacionado ao tema principal do blog. Os amigos da blogsfera estão convidados a participar, enviando seus textos e idéias para rmo77@uol.com.br