segunda-feira, 30 de março de 2009

Paraíba no prato

A Neide chegou de Sumé com a mala cheia de presentes para nós: cinco colheres de pau, uma panela de barro. Feijão de corda, manteiga de garrafa, queijo de coalho. Farinha de mandioca finíssima e um saco de cominho. Estes ingredientes só podiam dar num “baião de dois”.

Segui a receita do chef Rodrigo Oliveira que copiei do come-se. Usei charque de fabricação própria, muito coentro e meu molho de pimenta, cuja receita prometo para o próximo fim de semana.



Baião de Dois
Receita do chef Rodrigo de Oliveira

Ingredientes:

- 5 dentes de alho.
- 30g de manteiga de garrafa.
- 1kg de arroz.
- 2 litros de caldo de legumes.
- 3 folhas de louro.
- 5g de colorau.
- Sal a gosto.
- 100g de toucinho defumado em cubos.
- 200g de charque dessalgado, cozido e desfiado.
- 1 cebola roxa picadinha.
- 1 pimentão verde em cubos.
- 2 tomates, sem as sementes, em cubos.
- 1 kg de feijão fradinho cozido e escorrido.
- 100g de queijo de coalho em cubos.
- Coentro (muuuito coentro!) a gosto.
- Cominho a gosto.
- 50g de manteiga de garrafa.

Modo de Preparo:

1. Numa panela grande, frite o alho na manteiga de garrafa e, antes de dourar, junte o arroz e mexa bem. Junte o caldo fervente, o louro, o colorau e deixe cozinhar em panela tampada, fogo baixo, até os grãos ficarem macios. Reserve.
2. Frite o toucinho em sua própria gordura e, quando começar a dourar, junte a lingüiça e a carne seca, mexendo por mais alguns instantes. Reserve.
3. Na mesma panela, aqueça rapidamente a cebola, o pimentão e os tomates.
4. Misture o arroz, as carnes reservadas, o feijão fradinho e o queijo de coalho. Acerte o sal. adicione o cominho a seu gosto e finalize com o coentro e a manteiga de garrafa.

Sirva com o molho de pimenta e uma cachacinha porreta. Finalize com uma boa soneca na rede.

domingo, 22 de março de 2009

Déjà vu

Meu pai é meu “assessor de imprensa”. Explico: toda semana ele aparece por aqui com recortes de jornal e revistas que acha importante eu ler. E assim fornece o meu “clipping”, pessoal e eclético, com notícias que vão da queda de John Neschling à crise mundial, passando, obviamente, por tudo que ele encontra a respeito da empresa em que trabalho e seus concorrentes.

Sexta feira passada recebi dele várias revistas, a maioria bem desinteressante. Passei o olho rapidamente pela papelada, descartei o que era inútil e guardei o pouco que sobrou para o fim de semana. A surpresa foi uma “Revista Gula” publicada há quase nove anos! Achei ótimo. Tenho esta mania de fuçar revistas antigas, quando as encontro. Gosto de relembrar os estilos de escrita, fotografia e comunicação visual. De comparar o conteúdo do passado com o da atualidade. Ver o que foi modismo, o que virou tendência e o que veio para ficar. Me diverti com a Gula número 98, edição de dezembro de 2000:

- A linha de vinhos “Black Tower” ocupava anúncio de página inteira. Os vinhos da Marco Luigi também.
- A Josapar lançava suas “Variedades Mundiais” de arroz, na marca “Tio João”, ainda em caixa de papelão. Parece que deu certo. Os produtos ainda estão no mercado, só que em embalagem plástica. E eu continuo comprando.
- As receitas? Mais complicadas, com várias etapas e execução beirando o confuso. Quase cafonas. Muitos ingredientes, muita decoração nos pratos. As fotos, mais escuras e com luz artificial, na sua maioria inseridas em um cenário-contexto (ao contrário da tendência atual, mais “minimalista”, com muito close-up e luz natural).
- A linha “Almadén” contava com cinco varietais e dois reservas. Um ano depois viria a Pernod-Ricard com seus marketeiros e pesquisas, resolvendo reposicionar a marca...”top of mind” no passado, hoje ela anda sumida. Marketeiro é um perigo!
- Uma das reportagens (“Boa Mesa nos Céus”) fazia comparação entre os cardápios da primeira classe da British Airways, Air France, Varig (!) e Alitalia (!). Tive a oportunidade de conhecer o serviço das quatro empresas. Digo com conhecimento de causa: só o da British realmente tem classe.
- Ainda se anunciava Liebfraumilch. E neste aspecto nem tudo está perdido. Nem nas poires bocas livres se bebe garrafa azul. Evoluímos.

Daqui a uns dez anos quero encontrar outra velha revista que me conte: O que aconteceu com Ferran Adriá, Hervé This e sua gastronomia molecular? No que deu o esforço de Michael Pollan? Depois da linha de panelas Alex Atalla lançou também refirgeradores? O que se deu com a produção de vinhos no Brasil? A “ditadura” do estilo de Michel Rolland? Continuou? E os vinhos biodinâmicos?

Quem viver, lerá.

terça-feira, 17 de março de 2009

Alguém tem...

...alguma receita com carne de leão? Hoje matei dois: um pela manhã e outro à tarde. Antigamente a gente matava um leão por dia. Depois da crise, curiosamente, a "população de felinos" está aumentando.

Outra pergunta: carne de leão harmoniza com Pinnotage sulafricano?

Pensando bem, melhor mesmo é abrir uma quitanda: o que tem de abacaxi e pepino aparecendo...

domingo, 15 de março de 2009

Da Saveurs...

Não sou muito fã de quiche, acho meio enjoativo, sem graça. Para mim é a versão piorada de uma boa e suculenta torta de frango. Comida de gente que não gosta de comida. Lembro-me de uma namorada que, por viver de dieta, adorava a dupla quiche+salada. É verdade que ela tinha um “corpão”... Jantar fora era muito econômico, porque ela nunca pedia sobremesa. Em compensação, nunca pudemos compartilhar uma garrafa de vinho, ou realmente aproveitar este ou aquele restaurante...óbvio que a relação não durou.

A receita abaixo foi adaptada da revista Saveurs deste mês, que comprei no aeroporto, na volta para o Brasil. Foi a foto caprichada e cheia de “apetite appeal” (marketeiro adora esta expressão!) da matéria sobre Boursin, que me convenceu a dar mais uma chance às quiches. Aliás, todas as fotos da Saveurs são sensacionais. Direção de arte competentíssima. Ironia: eu não dispunha de Boursin, utilizei coalhada seca. E deu certo.

Para beber, racioncinei o seguinte: ovo + leite + calor = vinho branco = Chardonnay bem amanteigado. A escolha foi um “Castillo de Molina Chardonnay Reserva – 2006”. Um chileno produzido pela Vinã San Pedro, que se deu bem com o prato e ajudou, definitivamente, a diminuir meu preconceito contra as tais tortinhas francesas.


Quiche de Espinafre “au Boursin”
Da revista Saveurs fev-mar 2009

Ingredientes:

- 250g de massa folhada congelada.
- 1 queijo Boursin (utilizei 2 colheres de sopa bem cheias de coalhada seca).
- 100ml de creme de leite (usei o da lata mesmo, sem soro).
- 150ml de leite integral.
- 1 ovo caipira inteiro + 2 gemas.
- 100g de folhas de espinafre limpas e lavadas.
- 20g de manteiga.
- Suco de meio limão.
- Sal e pimenta do reino a gosto.

Modo de Preparo:

- Refogar rapidamente as folhas de espinafre na manteiga, acrescentando o suco de limão, sal e pimenta do reino a gosto. Escorrer numa peneira e reservar.
- Abrir a massa folhada, que já deve estar descongelada, segundo as instruções da embalagem. Acomodá-la numa forma para tortas de cerca de 20-25cm de diâmetro. Com um garfo, fazer vários furos na “base” da massa (não cheguei a gastar os 250g de massa com a forma que utilizei).
- Numa tigela, amassar o Boursin com um garfo. Acrescentar o leite, o creme de leite e os ovos, misturando bem. Acertar o sal e a pimenta. Juntar o espinafre a esta mistura e colocá-la na forma.
- Assar em forno pré aquecido a 200°c por cerca de 30 minutos.


- Castillo de Molina Chardonnay Reserva 2006, branco.
- Viña San Pedro S.A., Valle de Casablanca, Chile.
- Amarelo intenso, aroma potente – madeira, baunilha, doce de côco e abacaxi. Paçadar mais para o adocicado, encorpado e untuoso. Muito equilibrado e com boa permanência. R$ 40,00. Importado por Worldwine.

domingo, 1 de março de 2009

"Paladar" desta semana

Só hoje tive tempo de ler o "Caderno Paladar" do Estadão, pubicado na útima 5a. feira. A edição desta semana está com receitas muito legais, que serão testadas e postadas em breve. Tão logo eu volte de mais uma viagem.

Até já!