quinta-feira, 17 de abril de 2008

Sobre sobras


Fato: eu detesto aproveitar sobras. Não gosto de comer o que ficou do almoço no jantar; não gosto de arroz que não seja preparado na hora; não gosto de comida requentada. Quando eu era criança, toda véspera de feira minha mãe preparava “sopa de gato”. Nada mais, nada menos do que uma sopa com todas as sobras da despensa e da geladeira. Até hoje eu detesto “sopa de gato”!

Regra: quando cozinho, procuro preparar sempre a quantidade exata que vai ser consumida. O necessário para duas pessoas, evitando desperdício. Gabriela sempre reclama. Às vezes até me chama de pão-duro. Explico que a simples idéia de comer o mesmo prato na próxima refeição já acaba com meu apetite.

Exceção: há certos pratos que têm de ser preparados em quantidade razoável. Não se faz feijoada ou puchero para um casal apenas. É preciso panelas grandes, muitos ingredientes, execução e planejamento antecipado. Eu diria que são receitas “gregárias”. Unem amigos, família, muita gente ao redor da mesa. Quase um ritual.

Dei esta volta toda para dizer que no último sábado fiz uma destas comidas-para-muita-gente: arroz carreteiro. Receita do meu sogro que em breve vou postar por aqui. Além do arroz com charque, sobrou bastante purê de abóbora. Resolvi aproveitar este último num risoto, inventado com o que havia na despensa. O resultado foi bom. Por insistência da Gabi, vai aí a receita.

Risotto de Abóbora com Pinólis

Ingredientes:

- 200g de arroz arbóreo.
- 1 colher de sopa de manteiga.
- 2 colheres de sopa de cebola bem picada.
- 500ml de caldo de legumes.
- 250ml de vinho branco seco.
- 200g de purê de abóbora*
- Tomilho fresco, o quanto baste.
- 1colher de sopa de requeijão.
- 20g de queijo ralado.
- 3 colheres de sopa de pinólis levemente tostados.

Modo de Preparo:

1. Numa panela grande, refogue a cebola na manteiga, até que fique transparente.
2. Acrescente o arroz e mexa constantemente, até que “absorva” bem a manteiga.
3. Despeje o vinho branco na panela, mexendo sempre até que o arroz absorva todo o vinho.
4. Acrescente o caldo de legumes pouco a pouco (uns 100ml de cada vez), sempre misturando bem, até que o arroz fique al dente.
5. Agregue o purê de abóbora, o tomilho e o requeijão, misturando bem.
6. Apague o fogo, acrescente o queijo ralado e os pinólis. Mexa vigorosamente e sirva imediatamente.

*Prepare o purê de abóbora assim: descasque e pique o quanto baste de abóbora tipo kabotchá (mais seca e adocicada) em cubos de aproximadamente 5 cm. Aqueça bem uma panela e coloque os cubos de abóbora. Deixe que eles “peguem” um pouco no fundo da panela (tostar levemente). Misture, abaixe o fogo, coloque um fio de água fria e tampe a panela. Deixe que a abóbora cozinhe aos poucos no vapor da água. De tempos acrescente um tiquinho de água, se necessário, até que a abóbora esteja bem macia. Amasse a abóbora cozida, acrescente uma pitadinha de sal, outra de açúcar e um tiquinho de canela. O purê deve ficar seco, consistente e levemente adocicado.

Dica1: o risotto deve ter aparência e consistência bem cremosa.
Dica2: Servi com umas fatias de jamón serrano que também sobraram do fim-de-semana. Ficou gostoso. O salgado do jamón se contrapôs bem à suavidade do risotto.
Dica3: para beber, abri a outra garrafa do “La Posta – Bonarda” que comprei por recomendação do Luiz Horta. Risotto, jamón e vinho se entenderam muito bem.

3 comentários:

Gourmandisebrasil disse...

Descendentes de japonês são como os de italiano, fazem porções imensas e servem variedades durante a refeição. Na casa da minha mãe e avós sempre sobrou comida. Não gosto de comer resto! Nas festinhas da minha família, sempre íamos embora com um pratinho de doce e outro de salgado.
Hj qdo sou responsável pelo bolo, faço a quantidade exata para não sobrar. Meus pais ficam com vergonha qdo alguém pede um pedaço para levar p casa e não tem mais!
abs,
Nina.

Ana Elisa Granziera disse...

Incrível coincidência! Essa semana mesmo também fiz risotto de abóbora com um resto de molho de abóbora que fizera para um fettuccine. Ana Elisa sem balança de cozinha faz molho prá 6 pessoas, ao invés de 2. Também detesto sobras. Mas acabo preparando 3 porções no jantar para requentar uma no almoço, já que almoço sozinha todos os dias e nem sempre dá tempo ou paciência para aprontar algo do zero.

Beijos!

Rogério disse...

Nina, Ana,

Mandei a Gabi ler os comentários de vocês...que sabe ela para de reclamar das quantidades que faço? Bom saber que não sou o único a cozinhar em porções exatas para o consumo!
:))
Beijos
Rogério