quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Piadinha

Ô semaninha complicada!

Viagem inesperada, reuniões agendadas em cima da hora, uma pá de coisas para fazer. Um montão de idéias e nenhum tempo para cozinhar (escrever, muito menos!). Só para não ficar no silêncio, posto esta piadinha que recebi hoje por e-mail. Em Inglês mesmo, que não estou com tempo para traduzir...

Giving up Wine

I was walking down the street when I was accosted by a particularly dirty and shabby-looking homeless woman who asked me for a couple of dollars for dinner.

I took out my wallet, got out ten dollars and asked, "If I give you this money, will you buy wine with it instead of dinner?"

"No I had to stop drinking years ago", the homeless woman told me.

"Will you use it to go shopping instead of buying food?" I asked.

"No, I don't waste time shopping," the homeless woman said. "I need to spend all my time trying to stay alive."

"Will you spend this on a beauty salon instead of food?" I asked.

"Are you NUTS!" replied the homeless woman. "I haven’t had my hair done in 20 years!"

"Well," I said, "I'm not going to give you the money. Instead, I'm going to take you out for dinner with my husband and me tonight."

The homeless Woman was shocked. "Won't your husband be furious with you for doing that? I know I'm dirty, and I probably smell pretty disgusting."


I said, "That's okay. It's important for him to see what a woman looks like after she has given up shopping, hair appointments, and wine."

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Torta de Batatas


Definitivamente, cansei do Jamie Oliver. Antigamente, quando ele era um moleque de cabelão solto, meio porquinho, desencanado e com idéias originais na cozinha, eu era fã. Tanto que tenho uns 4 livros dele (Rock’n Roll Cuisine, O Chef sem Mistérios, O Retorno do Chef Sem Mistérios e A Itália de Jamie).

Mas agora Jamie envelheceu...e continua querendo parecer moleque. Está meio gordão e ridículo com as mechas louras no cabelo, que ele teima em usar espetado. Está mais porcalhão na cozinha (será que é mal de cozinheiro inglês? Hein, Nigella?) Fica querendo dar uma de Italiano; ditar regra sobre cozinha italiana. Como se fosse possível conhecer a culinária da “bota” com uma dúzia de viagens à Toscana....Resolveu defender umas causas politicamente corretas – mais pela fama e repercussão que elas causam do que pela ideologia em si. De modo que, para mim, Jamie Oliver já deu o que tinha que dar.

Acontece que, apesar de tudo, às vezes ele vem com boas idéias. Sábado passado, no GNT, ele falou sobre aspargos. E deu a receita de uma torta de aspargos que resolvi adaptar. (1x0 para você, Jamie. Admito). Não fiz a torta exatamente como ele recomendava. Até porque, aspargos para mim são tão nobres, que não vale a pena desperdiçá-los numa torta. Mas, em linhas gerais, a torta à base de 1 legume + batata me pareceu boa idéia.

Fiz uma série de adaptações, começando por não usar massa folhada. Assei a “massa de batatas” diretamente no refratário. Substituí o cheddar por queijo meia cura. Utilizei abobrinha italiana ao invés dos aspargos. E polvilhei bastante queijo para gratinar. Eis a, agora minha, receita:

“Torta” de Batatas e Abobrinhas

Ingredientes:

- 1 abobrinha fatiada em rodelas de aproximadamente 3mm
- 800g de batatas cozidas e amassadas grosseiramente (=mais ou menos 3 batatas grandes cruas).
- 200g de creme de leite.
- 3 ovos caipiras.
- 1 colher de sopa de manteiga e mais o suficiente para untar.
- 150 gramas de queijo meia cura ralado grosseiramente (use o ralador grosso).
- 1 pitada de noz moscada.
- 1 colher de chá de sal ou mais, dependendo do seu gosto.

Modo de Preparo:

1. Fatie a abobrinha e reserve.
2. Descasque e cozinhe as batatas até que fiquem macias. Escorra a água e, com um garfo grande, amasse-as grosseiramente. Espere esfriar um pouco. Misture o creme de leite, a noz moscada, o sal, os ovos batidos, a manteiga derretida e 100g do queijo meia cura ralado.
3. Coloque esta massa em um refratário quadrado, untado com manteiga.
4. “Enfie” as fatias de abobrinha na massa, na vertical, fileira a fileira. Quando terminar, incline as fatias levemente, de modo a imitar escamas de peixe (veja a foto).
5. Salpique o restante do queijo ralado (50g).
6. Leve ao forno pré-aquecido a 220°C por 45 minutos, ou até que a torta esteja dourada.

Dica1 – Sirva com salada de tomates-cereja e cebola crua, temperada simplesmente com acceto balsâmico, azeite de oliva e sal.
Dica2 –Como ando com mania de Pinot Noir, servi com um “Doña Paula” Pinot Noir 2004, da Vinã Doña Paula em Mendoza, Argentina (importado pela “Grand Cru”) . Bom custo benefício. Bastante frutado, levemente ácido. Notas florais e de baunilha. Na boca, cereja bem madura. No fundo, achei-o um pouco demais para este prato, mas fica aqui a recomendação de um vinho bem honesto.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

É Pique!


454 anos da minha cidade predileta. Agora que eu já tenho blog, como não homenageá-la?

Mas tanta gente boa já escreveu sobre São Paulo. E tão bem, que fica difícil.

Não me refiro à “Sampa” de Caetano, que apesar de poética, é melosa, meio piegas, não tem a cara daqui. Vanzolini fez mais simples e melhor. Que outro lugar do mundo poderia ser o cenário de “Ronda”? Sem mencionar o nome da cidade, ele pintou um retrato perfeito do bas fond paulistano. Poesia é isto.

Outro que conseguiu captar de forma brilhante o espírito de São Paulo e traduzí-lo em música foi Billy Blanco, que nos presenteou com “Amanhece”:

Começou um novo dia,
Já volta quem ia,
O tempo é de chegar
De metrô chego primeiro,
Se tempo é dinheiro
Melhor, vou faturar
Sempre ligeiro na rua,
Como quem sabe o que quer
Vai o paulista na sua, para o que der e vier.
A cidade não desperta, apenas acerta a sua posição
Porque tudo se repete, são sete
E às sete explode em multidão:
Portas de aço levantam, todos parecem correr
Não correm de, correm para
Para São Paulo crescer
Vão bora, vão bora, olha a hora
Vão bora, vão bora, vão bora, vão bora
Olha a hora, vão bora, vão bora, vão bora

Quem nunca ouviu esta música, no carro, a caminho da escola ou do trabalho? Se não ouviu, não pode se considerar paulistano.

Lembro que eu tinha 6 para 7 anos quando ouvi “Amanhece” pela primeira vez. Vim passar as férias de inverno na casa de meus avós. Nunca tinha estado por aqui antes e tudo me impressionou. Os prédios, o trânsito, o ritmo da cidade. O Shopping Center com seu relógio d’água. O frio. Naquele tempo fazia muito frio. Usar luvas e cachecol!

E a comida? Tanta coisa diferente. Pão Pullmann (pão de forma) só existia aqui. Para o café da manhã, minha vó fazia torradas com geléia de framboesa, que ela mesmo preparava (um dia eu conto como ela conseguia as framboesas) . O cheirinho do “Café Seleto”:...depois de um sono bom, a gente levanta... Vovó adorava cantarolar este jingle, achava muito bonitinho. Ficou horrorizada quando cantei a versão “Café Concreto tem sabor de vomito...” que aprendi brincando com os vizinhos dela!

Depois, as tardes de desenho animado ininterrupto na Record. Sim, existia um canal de TV que passava desenhos a tarde inteira. Que maravilha! Comer bolinho “Ana Maria”, que também não existia fora de São Paulo. Comprar o jornal para o vovô e na volta da banca parar na “Padaria Bienal” para tomar um “Gini”. No lanche pão com “Nucita”.

Aos domingos, de sobremesa, as bombas de creme da confeitaria São Gabriel (naquele tempo não tinha essa frescura de chamá-las de éclair). E de vez em quando o “Pastel de Santa Clara” da Rotisserie “Da Vinci”.

Minhas primeiras férias em São Paulo passaram rápido. Logo acabaram. Fui embora já com vontade de voltar. E fui voltando ano após ano. Nunca mais parei de voltar. Um dia ainda vou morar aqui, pensava...

Faz 14 anos que vim para ficar. Mesmo com todos os seus problemas, não me imagino em outro lugar. Aqui trabalho, aqui conheci o amor da minha vida, aqui nasceram meus filhotes. Por São Paulo, eu só tenho gratidão. Parafraseando Billy Blanco: Amo São Paulo de qualquer maneira!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Marmite


Porque será que, na foto do post abaixo, a torrada está tão escura?

Fácil: numa panelinha, derreti uma boa colher de sopa de manteiga e refoguei de leve um dente de alho espremido. Tirei do fogo e acrescentei uma colher de sobremesa de Marmite, misturando bem. Pincelei sobre 4 fatias de pão italiano e levei ao forninho elétrico para tostar.

Sempre faço estas “torradinhas de marmite” para acompanhar salada verde ou sopas mais suaves. Elas têm uma sabor marcante e acho que fazem um bom contraponto a pratos mais leves.

Para quem não sabe, Marmite é uma pasta escura, de sabor forte, à base de extrato de levedura (um sub-produto da fermentação da cerveja). Apesar de possuir um sabor que lembra caldo de carne concentrado, é um produto 100% vegetariano. Toda família inglesa que se preze tem um pote de Marmite na geladeira, que é consumido com crackers e manteiga. Tem gente que usa em sopas ou refogados. De vez em quando, misturo uma colherinha de chá ao meu molho vinagrete, para uma salada mais substancial.

O produto porém está longe de ser unanimidade. Muita gente detesta. Tanto que o slogan do produto é algo como “Marmite, uns amam, outros odeiam, ninguém fica indiferente...”. Faço parte do primeiro time!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Sopa de Inhame


Meu bisavô materno era um sujeito singular. Como médico sanitarista, trabalhou com Oswaldo Cruz no combate à febre amarela. Ganhou medalhas e reconhecimento pelos serviços prestados à saúde e ao Brasil. Como poeta, escrevia de um jeito diferente. Contava seus “causos” à moda caipira, muito antes de Rolando Boldrin sonhar em nascer. Como ser humano, mostrou o que é ser Cristão de verdade. A gente lembra de sua sabedoria e bom humor até hoje.

Bom mineiro de Leopoldina, vovô Abel tinha algumas “manias”. Não abria mão de comer mamão todos os dias pela manhã. Segundo ele, era uma fruta amiga, que garantia a saúde e vida longa. O mamão daquela época era grande, amarelo e redondo. Nada a ver com a Papaya ou o mamão Formosa. A fruta nativa tinha fragrância forte e era menos açucarada, de sabor sutil. Crescia nos fundos da casa da Rua Sabóia Lima, na Tijuca. Sem agrotóxicos, era dividido com os passarinhos que freqüentavam o quintal. Ele conhecia cada um deles e não se importava com as bicadas em sua fruta preferida.

Outro de seus pratos preferidos era sopa de inhame. Vovô Abel dizia que sopa de inhame nutre, faz bem ao sangue e ajuda a recuperar quem está doente. É a sopa do aconchego. Era mais fácil achar inhame antigamente. Redondos, bonitos e baratos, estavam disponíveis em qualquer feira livre, que era onde se comprava frutas, verduras e legumes naquele tempo. Hoje, a menos que conheça um bom feirante, você vai pelejar para achar bons inhames. Em grandes supermercados, se tiver sorte, vai encontrar umas bolinhas envergonhadas, caríssimas.

E assim, através das manias do vovô, a família Tavares de Lacerda aprendeu a comer mamão todo dia e tomar sopa de inhame pelo menos uma vez por semana. Aprendeu muitas outras coisas também. São tantas lembranças, histórias e lições que Vovô Abel merecia um livro...Enquanto não aparece alguém com talento para escrevê-lo, relembrar esta receita (se é que se pode chamar isto de receita) é meu jeito de homenageá-lo.

Sopa de Inhame do Vovô Abel

Ingredientes:

- 500g de inhames descascados
- 1 cebola descascada e cortada ao meio.
- Sal a gosto.
- 2 colheres de sopa de manteiga.
- Cheiro verde (salsinha e cebolinha) bem picado, o quanto baste.
- Azeite extra virgem, o quanto baste.

Modo de Preparo:

1. Numa panela, coloque os inhames e a cebola e cubra-os com água.
2. Cozinhe em fogo baixo até que os inhames estejam macios e a cebola transparente.
3. Espere esfriar um pouco e bata todo o conteúdo da panela no liquidificador (na casa do vovô eles passavam na peneira, mas acho que dá muito trabalho...).
4. Volte o conteúdo batido à panela, acrescente a manteiga e acerte o sal. Se a sopa estiver muito encorpada, coloque um pouquinho mais de água.
5. Sirva bem quente, decorando o prato com um fio de azeite e o cheiro verde.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Piadinha

Esta é verídica e aconteceu com o grande intérprete e agora maestro João Carlos Martins. Foi publicada no “Valor Econômico” de 18 de Janeiro (reportagem de Tom Cardoso). Não resisti transcrever aqui no Amuse Bouche:

Torcedor leal da Portuguesa de Desportos, este ano de volta à elite do futebol brasileiro, João Carlos Martins acompanhou alguns jogos do time na segunda divisão do campeonato nacional – chegou até a tocar o “Hino Nacional” na abertura de uma das partidas. Naquela noite, foi saudado com festa por autoridades do clube. Um dirigente, eufórico com a presença do músico, tratou de apresentá-lo a uma antiga torcedora lusa:
- A senhora sabe quem é este senhor?
-Quem?
João Carlos Martins!
-Hummm.
-O grande maestro e pianista.
-Hummm.
-João Carlos Martins, o maior intérprete de Bach do Mundo!
-Desculpem, meus senhores, mas eu não freqüento barzinhos!

sábado, 19 de janeiro de 2008

Frango Assado


Fim de semana tranqüilo. Mais tempo para cozinhar. E eu cansado de comer em restaurante a semana inteira. Vontade de comida caseira.

Logo depois do café comecei a pensar no que fazer para o almoço, pois estávamos com hóspedes. Algo saboroso, que não desse muito trabalho. Saí para o supermercado ainda sem inspiração. Vi um maço de sálvia bem bonito e na hora me veio a idéia: Frango. Frango assado com ervas. Bem temperado, com bastante alho... Não, alho vai ficar muito forte...melhor alho poró. E assim fui bolando o cardápio, que agradou as visitas e até a Gabriela, que, faz tempo, já não é muito fã de galináceos.

Para acompanhar, polenta mole, salada verde e um Pinnotage sul-africano.

Frango Assado com Ervas e Alho Poro

Ingredientes:

- 6 pernas de frango (coxa + sobrecoxa) desossadas.
- Suco de 1 limão.
- 1 colher de sopa de sálvia fresca, picada grosseiramente.
- 1 colher de sopa de alecrim fresco, picado grosseiramente.
- 3 folhas de louro inteiras (frescas).
- 1 colher de sobremesa de tomilho.
- 1 talo de alho poro, fatiado em rodelas finas (apenas a parte branca).
- Sal e pimenta do reino a gosto.
- 1 copo de Sauvignon Blanc.
- Azeite de oliva extra virgem o quanto baste.
- 1 pitada de páprica picante.

Modo de preparo:

1. Em uma tigela grande, faça uma marinada com: limão, sálvia, alecrim, as folhas de louro, tomilho, o alho, sal, pimenta do reino e o Sauvignon Blanc.
2. Coloque as pernas desossadas na marinada e deixe descansando na geladeira por 2 horas.
3. Num refratário, acomode as pernas desossadas, vertendo a marinada sobre elas. Regue com um fio de azeite.
4. Leve ao forno a 260°C por 45 minutos. Após este período, retire o refratário do forno. Se houver o excesso de líquido, retire-o com uma colher. Regue com um fio de azeite. Salpique um pouco de páprica picante, apenas para “dar uma cor”.
5. Volte o refratário ao forno por mais 15 minutos ou até que as pernas desossadas estejam douradas.
6. Sirva imediatamente.

Radiola


Aqui vai o primeiro post sobre uma das minhas maiores paixões: música clássica. Encontrei esta semana este CD fantástico com os 2 concertos de piano de Brahms por Nelson Freire (dispensa comentários) e a Gewandhaus de Leipzig com Riccardo Chailly. Muita gente diz que as madeiras das orquestras alemães são insuperáveis. Concordo. Mas, gostei especialmente dos metais nesta gravação. Equilibrados, sem exageros mas conferindo ao conjunto a dramaticidade necessária. E o melhor: a gravação é ao vivo. O que sempre prefiro nestes tempos de alta tecnologia.

Nelson Freire está lá com todo o vigor. Resolve bem as dificuldades técnicas do concerto, dando fluência e fraseado que muitos pianistas não conseguem. Uma interpretação que se impõe. Com elegância.

Chailly, correto e experiente como sempre, deixa a obra fluir livre e não tolhe a interpretação de Freire.

Quanto às obras, são dois marcos do Romantismo. E Brahms inovou em vários aspectos nestes dois concertos. A ponto de receberem uma recepção bastante fria do público e da crítica à época de suas respectivas estréias. Tecnicamente são extremamente difíceis e, na minha opinião, nem todos conseguem tocá-los com arte.

Pessoalmente, sempre gostei mais do primeiro concerto (apesar do segundo ser o mais "popular"). Em especial, da longa introdução do primeiro movimento (Maestoso), que é quase uma Sinfonia, e de todo o folclore que cerca o segundo movimento (Adagio). É que nesta época Brahms estava perdidamente apaixonado por Clara, esposa de seu grande mentor e incentivador, Robert Schumann. Brahms mais tarde confessou que o segundo movimento do Concerto em Ré Menor op.15 era uma "pintura apaixonada" de Clara...Mais romântico impossível!

Brahms - The Piano Concertos
Nelson Freire - Gewandhausorchester - Riccardo Chailly
Decca
Gravado ao vivo em Novembro de 2005 e Fevereiro de 2006

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Ultimate Frozen Yogurt da Ana Elisa!

Dez! Esta receita veio do blog La Cucinetta e faz jus ao título do post. Facílimo de fazer, desde que você tenha uma sorveteira (um apetrecho que nestes dias de verão tenho achado imprescindível). Adaptei apenas a quantidade de açúcar. Ou melhor, coloquei um pouco mais de iogurte porque queria um frozen um pouco menos doce.

Exceto pela quantidade de iogurte, fiz como a Ana Elisa ensinou. Misturei 1000g de iogurte natural com ½ xícara de açúcar, 2 pitadas de sal e 1 colher de chá de essência de baunilha. Deixei na geladeira por 1 hora e depois levei à sorveteira até tomar consistência. Coloquei num pote de sorvete e deixei no freezer até o dia seguinte.

Queria servir com uma calda de jabuticaba. Procurei em 2 frutarias perto de casa mas não encontrei. Resolvi substituir por calda de cerejas frescas: descarocei 300g de cerejas chilenas extra-grandes (muito fácil, é só usar o descaroçador de azeitonas!). Então, levei-as ao fogo em uma panela pequena com 150g de açúcar e 150ml de água. Deixei cozinhado em fogo baixo por aproximadamente 20 minutos e despejei as cerejas ainda quentes sobre o frozen yogurt. Atenção: não espere desta calda o sabor artificial de maraschino...ela tem gosto frutado, natural e combinou muito bem com o sorvete. Leve, refrescante, perfeito!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Dia do Caçador

Este é um post bem fora do contexto. Mas blog também serve para a gente expressar a opinião.

A historinha é verídica e começa assim: Nos anos 80, o Sr. Fulano, um bem sucedido diretor de multinacional, era cliente do Citibank, que lhe dava tratamento vip. Acesso às melhores taxas, cartões, crédito pessoal, gerente-exclusivo, nada de filas, tudo era maravilhoso. Como dizia o slogan daquela época, “The Citi never sleeps...”

Acontece que no começo dos anos 90 o Sr. Fulano resolveu dar uma virada na vida: deixou a multinacional, o cargo e suas mordomias. Abriu um negócio próprio. Continuou com o Citi. Afinal, sempre lhe trataram tão bem...

Infelizmente, o negócio não deu certo. Em cinco anos o Sr. Fulano consumiu todo o seu patrimônio. Para completar, entrou fundo no limite do cheque especial. E descobriu então a verdadeira cara de seu “banco-parceiro” (que no final das contas é a cara de todo banco). Nunca foi tão infernizado pelo gerente-exclusivo e seus assistentes. Depois, agências de cobrança passaram a telefonar para sua casa. Sempre de madrugada (foi quando ele entendeu o que significa “The Citi never sleeps...”).

A dívida foi crescendo, de acordo com as taxas de juros leoninas que o Citi decidia cobrar. Em valores de hoje, R$ 2.000 se transformaram em R$ 30.000!

Como o Sr. Fulano estava “quebrado”, não pagou nada. Nem tinha como. Seu nome ficou “sujo”. Conta em banco privado, talão de cheques e cartão, nunca mais.. Vivia apenas do INSS e de uma mesada que os filhos lhe davam (ainda bem que os filhos estavam todos bem empregados!).

Porém, o golpe mais duro foi mesmo na auto-estima do ex-alto-executivo-de-grande-multinacional.

Passados 10 anos, eis que o departamento jurídico do Citi volta a procurar o Sr. Fulano. Queriam conversar e re-negociar. E a dívida que um dia fora de R$ 50.000 foi liquidada por apenas R$ 1.200! E é por isso que fico indignado. Não teria sido mais fácil fazer esta proposta logo no começo? Resolver o problema, não incomodar mais o Sr. Fulano, deixar o seu nome “limpo”? Impossível. Bancos fazem este jogo sujo, bancos são assim.

Dei esta volta toda para dizer que ontem li, com uma pontinha de alegria, a manchete do Valor Econômico: “Rombo do Citi derruba mercados – (...) O Citigroup anunciou ontem prejuízo de US$ 9.83 bilhões no quarto trimestre do ano passado(...) “. Não resisti e liguei para o Sr. Fulano. Ele se sentiu vingado! Desculpem-me o clichê: um dia é da caça, o outro do caçador.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Simples assim...




Canjiquinha. Também conhecida como Xerém, Quirera ou Quirerinha de milho. Não é muito comum nas mesas paulistanas. Pelo menos nunca vi em restaurantes ou em casa de amigos. No máximo, comida de passarinho, misturada com alpiste e outras sementes. Lá em Minas é diferente. Come-se canjiquinha refogada, na sopa e principalmente com costelinha de porco defumada – um ícone da culinária mineira cuja receita vou postar aqui em breve.

Como estou preocupado em tornar mais vegetariano o meu jantar, ontem resolvi experimentar canjiquinha de uma forma mais simples, apenas cozida com legumes refogados no azeite. Neste caso, o único inconveniente foi o tempo de preparo, pois é preciso deixá-la de molho em água por pelo menos 1 hora. No mais, preparei como geralmente preparo arroz e acrescentei os legumes logo que a panela começou a ferver. Tranqüilo, leve e saboroso.

Canjiquinha Com Cenoura e Abobrinha

Ingredientes:

- 200g de canjiquinha.
- 500ml de água fervente.
- 1 cenoura grande descascada e picada em cubos de aproximadamente 2cm.
- 1 abobrinha italiana, com casca, picada em cubos de aproximadamente 2cm.
- 2 dentes de alho espremidos.
- 1 colher de sopa de salsinha fresca picada.
- 2 colheres de sopa de azeite extra virgem.
- 1 colher de café de sal.

Modo de preparo:

1. Lave bem a canjiquinha, da mesma forma que se lava arroz. Deixe de molho em água por 1 hora. (Aproveite este tempo para descascar / picar os legumes, picar a salsinha, descascar o alho, etc.)
2. Em uma panela, aqueça o azeite e refogue levemente o alho, tomando cuidado para não queimá-lo.
3. Escorra a canjiquinha e acrescente-a à panela, junto com a salsinha. Mexa bem.
4. Acrescente a água. Logo que começar a ferver, acrescente os legumes e o sal.
5. Abaixe o fogo, coloque a tampa entreaberta na panela e deixe cozinhando até que a água seque e a canjiquinha esteja cozida.
6. Ao servir, salpique um pouco mais de salsinha picada e regue com um fio de azeite.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Relíquia

Dentre meus livros de culinária existe um que considero uma relíquia. Não apenas pela dificuldade que tive em encontrá-lo, mas também pelo conteúdo e a história que ele carrega. Meu exemplar é da 7ª edição. Foi publicado em 1986, pela Editora Vozes, em Petrópolis. Nem é tão antigo assim, apesar de estar bastante surrado e com as páginas amareladas que todo livro que saiu da estante e freqüentou a cozinha tem.

O “Fogão de Lenha – Quitandas e Quitutes de Minas Gerais”, de Maria Stella Libânio Christo é único, por seu trabalho de pesquisa. A autora, que é mãe do Frei Betto, buscou velhos cadernos de família. Receitas que, durante gerações, passaram de mãe para filha. Estórias e segredos. 300 anos de cozinha mineira em 572 receitas.

Tomei contato pela primeira vez com o “Fogão de Lenha” ainda adolescente. Morávamos em Belo Horizonte. Minha mãe achou tão interessante que comprou dois: um para presentear minha avó e outro que está com ela até hoje. Já adulto, topei de novo com o livro na cozinha da mamãe. Comecei a procurar um para comprar. Descobri que já estava fora de catálogo. Quem sabe na Internet? Quem sabe em alguns sebos? Telefonemas para a Editora. Não. Procura mais. Nada. Acabei desistindo, perdi as esperanças e esqueci do assunto.

A surpresa veio neste último dia dos pais, embrulhada para presente e com a seguinte dedicatória:

“Filho, como um pai especial, você tem alimentado bem, em todos os sentidos, os seus filhotes. Divirta-se com as histórias e fatos interessantes escritos neste livro e também tire bom proveito das receitas. Tenho certeza que a Vó querida ficaria muito contente se soubesse que o ‘Fogão de Lenha’ seria seu um dia. Neste Dia dos Pais de 2007, senti que deveria dar a você o livro que um dia foi de sua avó. Feliz dia, pois, e bon appetit!”
Beijos,
Mãe
S.P. 12/08/2007

Pois é. Eu não sabia que, após a morte da vovó, o exemplar dela ficara com a minha mãe. Repetindo a tradição de séculos, as receitas mineiras passam mais uma vez para a próxima geração! Desta vez de avó para neto, através de uma mãe atenta e carinhosa.

Hoje levantei cedo. Resolvi surpreender as crianças com um pão de queijo fresquinho. Escolhi uma receita do “Fogão de Lenha”. Preparei a massa e coloquei no forno. Enquanto escrevo este texto, os pães estão assando e a Gabi passa um café. O aroma que invadiu a casa me fez voltar no tempo. Acho que uns 300 anos.


Pão de Queijo com Batata *

*Do livro “Fogão de Lenha” – Maria Stella Libânio Christo – Ed. Vozes, 1977
É preciso dizer que as receitas do “Fogão de Lenha” são escritas de forma muito simples: omitem algumas etapas do processo de preparação. As medidas são dadas em “copos”, “xícaras” e “punhados”. Porque naquela época as pessoas (digo, as mulheres) começavam a ter contato com “o cozinhar” muito cedo. Aprendiam olhando as mães, avós e tias. Não é livro para iniciante ou para quem nunca pôs o pé na cozinha. Para este “Pão de Queijo com Batata” fiz as seguintes adaptações:
- Substituí a bnha de porco da receita original pela mesma quantidade de manteiga.
- Converti as medidas para o sistema métrico (g e ml).
- Detalhei todo o processo de preparo.
- Todo mundo sabe (todo mundo?!?) que pão de queijo autêntico deve ser feito com queijo do Sêrro, que é bem salgado. Aqui em São Paulo é difícil encontrá-lo. Como usei queijo de minas padrão ou meia cura(não é o frescal!), que tem menos sal, acrescentei uma colher de café de sal à receita.

Ingredientes:

- 2 colheres de sopa (100g) de manteiga com sal.
- 2 copos (500g) de batata cozida e amassada.
- 2 ovos caipira.
- 2 copos (250g) de polvilho azedo.
- 1 e ½ copo (200g) de queijo de minas (prefira queijo do Serro, se não encontrar substitua por queijo meia cura) ralado.
- 1 colher de café (15g) de sal (no caso de você não usar o queijo do Serro).

Modo de Preparo:

1. Numa tigela grande misture todos os ingredientes e amasse bem com as mãos até formar uma massa pegajosa e homogênea.
2. Pré-aqueça o forno por 10 minutos a 200°C.
3. Enquanto o forno aquece, passe um pouco de óleo de canola nas mãos e enrole a massa em bolinhas de aproximadamente 3 a 5cm de diâmetro. Coloque as bolinhas numa forma untada com óleo de canola.
4. Asse por aproximadamente 45 minutos (ou até que os pãezinhos estejam dourados) à 200°C. NÃO abra o forno até que os pãezinhos estejam prontos.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Arroz Integral com Espinafre e Tomates-Cereja

Semana passada a Gabi e as crianças ainda estavam na praia. Fiquei só, aqui em São Paulo, trabalhando. Não foi de todo mal. Consegui assistir a alguns filmes que há tempos queria ver, aproveitei o “alvará” para jantar com amigos e mexi um bocado no conteúdo do “amusebouche.com.br” que pretendo colocar no ar em breve. Também pude fazer algumas “experiências” culinárias. Dentre as que deram certo, está esta combinação com arroz integral.

Gosto muito de arroz integral. Se pudesse, comia todo dia. Prefiro o tipo cateto, de grãos arredondados e sabor que lembra nozes. O da marca “Mãe Terra” tem alguns grãos avermelhados que dão ao prato uma apresentação interessante. Nunca uso o parboilizado da “Uncle Bens” do tipo agulha. Apesar de ser integral não tem gosto de nada.

Tem gente que acha complicado preparar, porque arroz integral demora a cozinhar. Ganho tempo usando sempre a panela de pressão. Preparo geralmente uma porção para 2 pessoas (= 1 copo de requeijão, cheio) que leva 30 minutos para ficar pronta. Neste meio tempo, dá pra preparar uma salada, colocar a mesa e também tomar uns goles de vinho...afinal, ninguém é ferro. Para fazer um arroz integral “simples”, apenas temperado com alho e sal, você pode seguir o modo de preparo da etapa 3 até a etapa 8.

Pensei em usar curry nesta receita. Porém, por ser uma mistura de temperos marcante, achei que o sabor do arroz ia ficar mascarado. Resolvi misturar canela e cominho, o que acabou combinando bem com o espinafre e os tomates, mantendo ainda um toque oriental. Surgiu assim mais um prato para me ajudar a por em prática minha resolução de ano novo 2008!

Ingredientes:

- 200g (1 copo de requeijão) de arroz integral tipo cateto.
- 500ml (2 copos de requeijão) de água fervente.
- 1 colher de sopa de manteiga.
- 2 dentes de alho descascados e espremidos.
- 2 xícaras de folhas de espinafre.
- 15 tomates-cereja cortados em 4 gomos.
- 1 colher de café de canela em pó.
- 1 colher de café de cominho em pó.
- Sal a gosto.

Modo de preparo:

1. Separe as folhas do espinafre e lave-as. Reserve.
2. Lave os tomates e corte cada um em 4 gomos. Reserve.
3. Lave o arroz integral e deixe escorrer bem.
4. Coloque a panela de pressão no fogo alto, sem a tampa. Quando a panela aquecer, acrescente o arroz e mexa de vez em quanto com uma colher de pau.
5. Depois de alguns minutos, o arroz vai começar a “pipocar”. Neste momento, acrescente a manteiga e o alho. Misture e refogue por um minuto, sem deixar o alho queimar.
6. Acrescente a água fervente e tampe a panela de pressão.
7. Quando a válvula da panela começar a chiar, abaixe o fogo e deixe cozinhar por 25 minutos. Após este período, desligue o fogo e espere a panela perder a pressão (aproximadamente 10 minutos. Você saberá quando mexer na válvula e não sair vapor algum).
8. Abra a panela e acerte o sal, misturando o arroz, que ainda deve estar bem quente.
9. Acenda o fogo bem baixo, acrescente a canela em pó, o cominho e o espinafre. Misture até espinafre “murchar” um pouco.
10. Acrescente os tomates cortados, misture e sirva.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Vou mas volto!




Esta é a vista da janela no quarto nr. 2 do pequeno hotel Hampshire, em Legemeer. Sempre fico neste quarto. Achou bonita? É bonita, de fato. Desde que você não tenha que ficar neste quarto três semanas seguidas, longe da família, trabalhando no fuso horário Europeu e, adcionalmente, no Brasileiro (o que significa umas 13 horas por dia). Acordando às 7:00hs com o céu ainda um breu, bebendo o mesmo café aguado toda manhã, almoçando sopa no escritório, jantando o mesmo cardápio. O hotel é bom. As pessoas, simpatissíssimas. O trabalho, gratificante. Mas a rotina entedia até o mais otimista dos viajantes.

Tem gente que confunde viagem de trabalho com viagem de passeio. Passo metade do ano fora do Brasil, entre idas e vindas. Na média, duas viagens internacionais por mês. Para tudo quanto é destino. Meus amigos acham charmoso. Eu digo que já estive em vários lugares do mundo, mas conheço poucos. Porque simplesmente não dá pra conhecer um lugar, uma cultura, um povo em apenas 3 dias. Principalmente se neste período você tiver reuniões pela manhã, à tarde e à noite. Agora, se você quiser saber o que fazer no aeroporto Changi de Cingapura, enquanto aguarda por 3 horas o seu vôo atrasado, é comigo mesmo. Quer saber como não perder o bom humor com o sistema de segurança na imigração de Heathrow? Pode perguntar. Um motorista de taxi em Moscow que fale um pouco de Inglês? Posso recomendar um. Viagens de nogócio geralmente são assim. E olhe, não estou me queixando não. Gosto muito do meu trabalho!
Dei esta volta toda para dizer que 2008 começou mais cedo do que eu esperava: hoje já estou voando de novo. Felizmente, desta vez serão só 5 dias. Holanda e Inglaterra. Então não estranhe a minha ausência do Amuse Bouche neste período. Quem sabe não volto com umas boas idéias culinárias? Quarto nr.2, aqui vou eu...


Até mais!

Zaansemostersoep


Parece que apesar do verão, hoje vai ser um dia mais fresco em São Paulo. Então decidi postar esta receita de Zaansemosterdsoep – ou melhor, sopa de mostarda em holandês.


Até provar pela primeira vez, num restaurante em Assen, eu nunca imaginaria usar mostarda para isso. E também não me passaria pela cabeça que é um prato pra lá de comum na Holanda.
Como gosto de provar tudo o que é diferente, foi a minha opção naquela noite. Boa surpresa: a sopa é deliciosa. Pra falar a verdade um achado: saborosa, aveludada, substanciosa.

Voltei ao Brasil e comecei a procurar a receita na internet. Achei várias versões. Imprimi, reli minhas anotações de viagem e fiz as adaptações necessárias. Virou obrigatório no cardápio de inverno aqui de casa. É importante utilizar mostarda escura, com os grãozinhos esmagados aparecendo ( tipo moutarde à l’ancienne). Nenhuma outra tem a pungência e o sabor tão marcantes. Complementam a sopa cubinhos de maçã, que eu acho muito diferente e charmoso. Ou então pancetta torrada em cubinhos (este é o acompanhamento mais comum na Holanda).

Ingredientes:

- 2 batatas grandes cortadas em cubos.
- 1 cebola cortada em quatro.
- 500 ml de água.
- 1 litro de caldo de frango.
- 2 colheres de sopa bem cheias de mostarda escura com grãos (tipo l’ancienne). Se você gostar de sabores fortes, pode até colocar mais um pouco...
- 2 colheres de sopa de requeijão cremoso.
- 2 colheres de sopa de creme de leite.
- 1 maçã cortada em cubinhos de aproximadamente 2cm OU cubinhos pancetta torradas.

Modo de preparo:

1 – Numa panela grande, cozinhe as batatas e a cebola em 500ml de água, até que estejam macias.
2 – Espere esfriar um pouco e bata as batatas e a cebola no liquidificador, com a água que restou na panela.
3 – Volte este “creme “ para a panela e acrescente o caldo de frango.
4 – Verifique a consistência. A sopa deve estar grossa, mas não muito. Se necessário, acrescente um pouquinho de água.
5 - Ligue o fogo e deixe ferver por 3 minutos.
6 – Desligue o fogo, acrescente o requeijão, a mostarda e por fim o creme de leite. Misture bem com um fouet para que a sopa fique homogênea e acerte o sal.
7 – Sirva com os cubinhos de maçã ou cubinhos de pancetta.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Procura-se...


Mamão Amarelo – o mamão nativo do Brasil, arredondado, de polpa amarela, menos doce, de aroma acentuado. É a fruta que dava no fundo da casa dos nossos pais e avós. Foi expulso dos mercados, feiras e quintais pelo mamão papaya (asiático) e o mamão formosa (variedade híbrida). Quem o encontrar contará com a eterna gratidão dos Sabiás, Bem-Te-Vis e Pardais do Brasil.

Chocolate de Verdade – antigamente era fabricado no Brasil, um país produtor de cacau (pasme, já fomos grandes exportadores também!). Era feito com manteiga de cacau, ao invés de Polirricinoelato de Glicerila. Costumava derreter na boca.Tinha mais sabor e menos açúcar. Leite integral ao invés de soro. Quem provou no passado conhece a diferença. Hoje, estas características só são encontradas em similares importados da Europa, que, ironicamente, têm como matéria prima o Cacau Brasileiro. Sua fabricação foi suspensa graças à ganância dos produtores, preocupados em baratear o “produto” para aumentar ainda mais seus lucros e vender em grande escala. Se você achá-lo, coma-o devagar e com carinho, como se estivesse conversando com a primeira namorada.

Manga Carlotinha, vulgo Manga Coquinho – pequenininha, doce como mel, deliciosa. Chupava-se pelo menos dez de uma vez. Tinha fiapos, como toda manga de verdade. E a gente não ligava deles grudarem no dente. Gostosa como verão, férias e fazenda. Era vendida nas feiras livres de baciada. Também era roubada do quintal do vizinho que fazia vista grossa, só pelo prazer de ver os moleques serem moleques. Desepareceu graças às variedades híbridas como Palmer, Haden e Tommy, que ficam com a casca bonita (sem manchas), são colhidas ainda verdes e têm maior produtividade. Quem a encontrar fará suas crianças lambusadamente, ou melhor, amareladamente felizes.

Você também tem sua lista de “Procura-se”? Deixe um comentário. Quem sabe ele não vira um “post” do AmuseBouche?

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Aquilo deu nisso:






Interessante como uma idéia culinária vai mudando até se transformar na receita final. De última hora, resolvi fazer uma “Brandade de Bacalhau” para o jantar de ano novo. Dando uma olhada na receita, me veio à cabeça a primeira modificação: substituir a batata por mandioquinha. Só para ficar diferente. Segunda modificação: já que estou trocando a batata por mandioquinha, por que não trocar também o creme de leite por leite de coco? E se ao invés de misturar o bacalhau com o purée eu montasse o prato em camadas? Assim apareceu uma Brandade de Bacalhau meio abrasileirada.

Certo, e para acompanhar? Acompanhar o que?!? Já tem carboidrato (mandioquinha) e proteína (bacalhau) neste prato. No máximo uns legumes, talvez ervilhas tortas ou aspargos. Não precisa mais nada. E assunto encerrado!

Corri para o Mercado Municipal. O tempo era pouco para comprar o bacalhau e dessalgá-lo para o jantar. Chegando lá, vou até uma banca de verduras. Encontro aspargos muito bonitos, a bom preço. Vem a idéia de novo: vão ficar ótimos num risotto para acompanhar o bacalhau... Minha consciência retruca, desta vez mais assertiva: tá maluco ou o que? O prato de bacalhau já é cremoso. O risoto também. Este jantar vai ficar que é um creme só. Além disso, pra que arroz? Já tem carboidrato demais neste menu!

Convencido, resolvi que os aspargos virariam uma salada. Passei em outra banca e comprei figos secos e nozes pecam. Entretanto, só para contrariar a consciência, resolvi que a salada também ia levar arroz! E pensar que tudo começou com uma simples Brandade de Bacalhau...

Dica: Se quiser, você pode servir este prato ainda quente, como acompanhamento. Para isso, na etapa 5, mantenha o fogo aceso enquanto misturar os ingredientes.




Salada de Aspargos, Arroz, Nozes Pecam e Figos Secos

Ingredientes:

- 1 maço de aspargos finos, bem frescos.
- 200g de figos secos picados.
- 150g de nozes pecam picadas.
- 4 ou 5 colheres de sopa de arroz branco previamente cozido em caldo de legumes (prepare como de costume).
- 1 colher de sopa de manteiga.
- 1 colher de chá de açúcar.
- Sal o quanto baste.

Modo de preparo:

1. Lave bem os aspargos.
2. Limpe os aspargos: corte e descarte a parte mais clara e fibrosa dos talos (os 10cm da parte inferior). Corte os brotos em pedaços de aproximadamente 10cm e reserve. Pique o restante em pedacinhos de aproximadamente 1cm e reserve.
3. Leve ao fogo 1 litro de água + 1 colher de sobremesa de sal + 1 colher de chá de açúcar. Quando levantar fervura, junte os brotos e os talos de aspargo. Deixe cozinhar por aproximadamente 1 minuto e meio. Escorra e mergulhe em água fria imediatamente, para interromper o cozimento. Os aspargos devem ficar firmes. Reserve.
4. Numa frigideira grande, salteie as nozes pecam na manteiga com 1 pitada de sal, até que fiquem levemente douradas. Acrescente os figos picados, mexendo bem.
5. Apague o fogo e junte os aspargos e o arroz à frigideira. Acerte o sal.
6. Coloque em uma travessa e leve à geladeira. Na hora de servir, regue com azeite extra virgem.