domingo, 3 de fevereiro de 2008

Jabutiroska


Dia destes, no La Cucinetta, a Ana Elisa falou sobre os modismos na culinária e fez uma enquete: Qual a "comidinha do momento" que já cansou a beleza? Na hora pensei em petit gateau. Não aguento mais petit gateau. E o pior é que tem sempre alguém na mesa que pede...são pelo menos 15 minutos a mais de espera para comer aquele bolinho exageradamente doce e, salvo raríssimas exceções, com gosto de farinha e ovo cru. Como ela falava justamente disto no post, resolvi não fazer comentário algum. Mas achei o tema muito pertinente.

Nos dias que se seguiram, fiquei com a pulga atrás da orelha. Afinal, que tipo de preparação eu não agüento mais ver repetida em tudo quanto é restaurante?

Enfim, cheguei a uma conclusão: não agüento mais ver os garçons chamando de "caipirinha" qualquer tipo de fruta misturada com qualquer tipo de destilado. É um tal de "caipirinha de vodka", "caipirinha de sakê com frutas vermelhas", "sakerinha de lichia", e por aí vai, segundo o gosto e criatividade dos mais variados barmen. Caipirinha é caipirinha: limão, pinga, açúcar e gelo!

Agora, o pior mesmo é quando gente que critica isto, como eu, cai na onda...

Foi o que aconteceu hoje. Aproveitei uma calda de jabuticaba que eu tinha na geladeira (peguei 500g de jabuticaba, espremi para tirar a polpa, coloquei as cascas em uma panela com meia xícara de açúcar e um pouco de água. Fervi até dar o ponto.) e misturei com uma dose de vodka. Como chamar isto? Jabutiroska? Não sei...ficou gostosinho, mas nada que mereça repeteco. A foto está melhor que o drink.

De modo que viva a caipirinha! Com pinga amarela!

4 comentários:

Luiz Horta disse...

Tô começando a me cansar de tanto boizinho kobe também, falsos ou verdadeiros...Olha, quando eu falar uma besteira grande demais sobre Bach pode malhar no glupt! Sou forrado de tefal!(bobagem sobre vinhos também, obviamente).

Rogério disse...

Pois é Luiz, Kobe Beef eu comi uma vez, no Japão, tão pouquinho, tão caro e tão cheio de ritual que não deu nem para apreciar direito...Mas penso que o espírito é o mesmo da caipirinha: Kobe Beef tem de ser de...Kobe! Você pode usar o gado de Wagyu, com a carne marmorizada de gordura, etc, etc. Mas se não vier da região...é que nem falar em Champagne brasileiro, certo?

Em tempo: eu é que lhe peço para me corrigir quando falar uma baboseira sobre vinhos...sou só curioso nesta seara. Mas este ano resolvi me aprofundar um pouco. E tou aprendendo à beça com o glupt! Esta semana vou colocar um post sobre esta minha decisão de aprender mais sobre vinho.
Abraço
Rogério

Ana Elisa Granziera disse...

"Jabutiroska" é sensacional, hein?
Também acho a mistureba das caipirinhas meio irritante. E sou mais um bolo sem farinha, feito para ser quase "caudaloso" de tão macio e úmido, do que petit gâteau falseta servido com sorvete da kibon.
E andei pensando em outros dois modismos que me irritam: restaurante que acha que comida moderna é comida agridoce (acho que até já li isso em outro lugar) e restaurante que acha que fusion é só misturar acarajé com fois gras que já tá bom.

Hehehe...
Anraços!

PS: a melhor coisa que já fiz foi ter feito o curso de sommelier da ABS. Nunca mais comprei gato por lebre.

Anônimo disse...

Amigo Rogério concordo contigo em gênero, número e grau (ooops esculpe o trocadilho infame).
Mas caipirinha só existe uma! O resto é invenção dos playboizinhos e bares para ludibriar o cliente.
Caipirosca? Vá lá. É até aceitável. Mas que não seja com vodka Absolut e muito menos Baikal.
Um abraço