sábado, 15 de março de 2008

Ensopadinho...


Acontecia sempre às quartas-feiras no almoço. A receita era bem simples – carne e legumes disponíveis, cortados em cubos, temperados, refogados e cozidos em um tiquinho de água. Era a forma de aproveitar os legumes que sobravam, sempre nas vésperas de feira (quando eu era moleque a gente ia à feira uma vez por semana...). Assim não havia desperdício. E o que sobrava do almoço era batido no liquidificador e virava sopa à noite, sempre com macarrão-argolinha.

Meu pai adorava: com o ensopadinho no prato, amassava levemente os legumes com garfo e sobre eles colocava um generoso fio de azeite. Para completar, arroz, feijão e salada de agrião. Nada mais trivial e brasileiro.

No último fim-de-semana, chegando de viagem, tive saudades daquele ensopadinho da minha infância. Infelizmente, minha mãe já tinha compromisso para o almoço de domingo, o que me obrigou a criar a minha própria versão, bem diferente da original (comida de mãe ninguém consegue imitar!).

Usei a panela de ferro, aproveitei um paio e quase todos os legumes da geladeira, um pouco de vinho tinto e algumas ervas. Para acompanhar, canjiquinha (quirera) cozida bem macia, na textura de polenta (4 partes de água para 1 de canjiquinha + manteiga e sal a gosto). Tomamos um “Escudo Rojo 2006”, que comprei no Freeshop por módicos US$ 14,50. Eis aí minha versão de “Comfort Food” familiar.

Ensopadinho à minha moda

Ingredientes:

- 700g de coxão mole cortado em cubos de aproximadamente 2cm.
- 1 colher de sopa de manteiga.
- 2 folhas de louro.
- 2 cravos da Índia.
- 1 colher de café de tomilho.
- 3 dentes de alho descascados.
- 1 paio em rodelas.
- 2 colheres de café de açúcar.
- 200ml de vinho tinto.
- 2 colheres de sopa de purê de tomate.
- 1 litro de caldo de carne.
- Legumes disponíveis, picados em cubos ou rodelas (depende do legume – nesta versão utilizei cebola, batata, cenoura, tomates-cereja, abobrinha, vagem, pimentão vermelho e amarelo).
- 1 galho de alecrim fresco.
- Azeite de oliva extra-virgem o quanto baste.

Modo de preparo:

1. Aqueça bem a panela de ferro.
2. Acrescente a manteiga, deixe-a derreter e refogue nela os cubos de carne. Geralmente a carne solta seu caldo neste momento. Mantenha o fogo bem alto até que todo caldo evapore e a carne comece a dourar. Neste momento, acrescente o açúcar, mexendo de vez em quando.
3. Acrescente então o paio em rodelas, os dentes de alho, os cravos da Índia as folhas de louro e o tomilho. Refogue por 1 minuto e acrescente o purê de tomate, mexendo sempre. Refogue por mais 1 minuto.
4. Acrescente o vinho tinto. Quando reduzir pela metade acrescente o caldo de carne. Tampe a panela, abaixe o fogo e deixe cozinhar por 30 minutos.
5. A partir deste ponto, basta ir juntando os legumes. Primeiro os que levam mais tempo para cozinhar, seguidos dos que cozinham mais rápido. Neste caso, coloquei primeiro as batatas e as cebolas. Quando estavam quase macias, acrescentei as cenouras. Esperei mais um pouco e, por último, coloquei o restante dos legumes, junto com o galho de alecrim (a foto do post é justamente deste momento). Tampei até que esta última leva de legumes estivesse cozida, porém firme. Reguei com azeite e servi imediatamente.

- Vinho: Escudo Rojo 2006, tinto.
- Baron Philippe de Rothschild, Maipo, Chile.
- 41% Cabernet Sauvignon / 41% Carmenère / 13% Syrah / 5% Cabernet Franc
Cor rubi escuro intenso, consistente. Aroma de pimenta vermelha seca, tostado e madeira. Na boca frutas vermelhas, ameixa. Acidez equilibrada, taninos finos, bom corpo. Carnoso. Gostoso.

2 comentários:

Anônimo disse...

bela foto!

Rafaela disse...

Além de comida de mãe ser impossível de se imitar, eu digo mais: comida de mãe não engorda! (ninguém leva muito a sério essa minha teoria, mas eu a defendo sempre). :)

Abraços.
Rafaela - Le Vin au Blog