quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Piadinha
Viagem inesperada, reuniões agendadas em cima da hora, uma pá de coisas para fazer. Um montão de idéias e nenhum tempo para cozinhar (escrever, muito menos!). Só para não ficar no silêncio, posto esta piadinha que recebi hoje por e-mail. Em Inglês mesmo, que não estou com tempo para traduzir...
Giving up Wine
I was walking down the street when I was accosted by a particularly dirty and shabby-looking homeless woman who asked me for a couple of dollars for dinner.
I took out my wallet, got out ten dollars and asked, "If I give you this money, will you buy wine with it instead of dinner?"
"No I had to stop drinking years ago", the homeless woman told me.
"Will you use it to go shopping instead of buying food?" I asked.
"No, I don't waste time shopping," the homeless woman said. "I need to spend all my time trying to stay alive."
"Will you spend this on a beauty salon instead of food?" I asked.
"Are you NUTS!" replied the homeless woman. "I haven’t had my hair done in 20 years!"
"Well," I said, "I'm not going to give you the money. Instead, I'm going to take you out for dinner with my husband and me tonight."
The homeless Woman was shocked. "Won't your husband be furious with you for doing that? I know I'm dirty, and I probably smell pretty disgusting."
I said, "That's okay. It's important for him to see what a woman looks like after she has given up shopping, hair appointments, and wine."
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Torta de Batatas

Mas agora Jamie envelheceu...e continua querendo parecer moleque. Está meio gordão e ridículo com as mechas louras no cabelo, que ele teima em usar espetado. Está mais porcalhão na cozinha (será que é mal de cozinheiro inglês? Hein, Nigella?) Fica querendo dar uma de Italiano; ditar regra sobre cozinha italiana. Como se fosse possível conhecer a culinária da “bota” com uma dúzia de viagens à Toscana....Resolveu defender umas causas politicamente corretas – mais pela fama e repercussão que elas causam do que pela ideologia em si. De modo que, para mim, Jamie Oliver já deu o que tinha que dar.
Acontece que, apesar de tudo, às vezes ele vem com boas idéias. Sábado passado, no GNT, ele falou sobre aspargos. E deu a receita de uma torta de aspargos que resolvi adaptar. (1x0 para você, Jamie. Admito). Não fiz a torta exatamente como ele recomendava. Até porque, aspargos para mim são tão nobres, que não vale a pena desperdiçá-los numa torta. Mas, em linhas gerais, a torta à base de 1 legume + batata me pareceu boa idéia.
Fiz uma série de adaptações, começando por não usar massa folhada. Assei a “massa de batatas” diretamente no refratário. Substituí o cheddar por queijo meia cura. Utilizei abobrinha italiana ao invés dos aspargos. E polvilhei bastante queijo para gratinar. Eis a, agora minha, receita:
“Torta” de Batatas e Abobrinhas
Ingredientes:
- 1 abobrinha fatiada em rodelas de aproximadamente 3mm
- 800g de batatas cozidas e amassadas grosseiramente (=mais ou menos 3 batatas grandes cruas).
- 200g de creme de leite.
- 3 ovos caipiras.
- 1 colher de sopa de manteiga e mais o suficiente para untar.
- 150 gramas de queijo meia cura ralado grosseiramente (use o ralador grosso).
- 1 pitada de noz moscada.
- 1 colher de chá de sal ou mais, dependendo do seu gosto.
Modo de Preparo:
1. Fatie a abobrinha e reserve.
2. Descasque e cozinhe as batatas até que fiquem macias. Escorra a água e, com um garfo grande, amasse-as grosseiramente. Espere esfriar um pouco. Misture o creme de leite, a noz moscada, o sal, os ovos batidos, a manteiga derretida e 100g do queijo meia cura ralado.
3. Coloque esta massa em um refratário quadrado, untado com manteiga.
4. “Enfie” as fatias de abobrinha na massa, na vertical, fileira a fileira. Quando terminar, incline as fatias levemente, de modo a imitar escamas de peixe (veja a foto).
5. Salpique o restante do queijo ralado (50g).
6. Leve ao forno pré-aquecido a 220°C por 45 minutos, ou até que a torta esteja dourada.
Dica1 – Sirva com salada de tomates-cereja e cebola crua, temperada simplesmente com acceto balsâmico, azeite de oliva e sal.
Dica2 –Como ando com mania de Pinot Noir, servi com um “Doña Paula” Pinot Noir 2004, da Vinã Doña Paula em Mendoza, Argentina (importado pela “Grand Cru”) . Bom custo benefício. Bastante frutado, levemente ácido. Notas florais e de baunilha. Na boca, cereja bem madura. No fundo, achei-o um pouco demais para este prato, mas fica aqui a recomendação de um vinho bem honesto.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
É Pique!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Marmite

Fácil: numa panelinha, derreti uma boa colher de sopa de manteiga e refoguei de leve um dente de alho espremido. Tirei do fogo e acrescentei uma colher de sobremesa de Marmite, misturando bem. Pincelei sobre 4 fatias de pão italiano e levei ao forninho elétrico para tostar.
Sempre faço estas “torradinhas de marmite” para acompanhar salada verde ou sopas mais suaves. Elas têm uma sabor marcante e acho que fazem um bom contraponto a pratos mais leves.
Para quem não sabe, Marmite é uma pasta escura, de sabor forte, à base de extrato de levedura (um sub-produto da fermentação da cerveja). Apesar de possuir um sabor que lembra caldo de carne concentrado, é um produto 100% vegetariano. Toda família inglesa que se preze tem um pote de Marmite na geladeira, que é consumido com crackers e manteiga. Tem gente que usa em sopas ou refogados. De vez em quando, misturo uma colherinha de chá ao meu molho vinagrete, para uma salada mais substancial.
O produto porém está longe de ser unanimidade. Muita gente detesta. Tanto que o slogan do produto é algo como “Marmite, uns amam, outros odeiam, ninguém fica indiferente...”. Faço parte do primeiro time!
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Sopa de Inhame

Bom mineiro de Leopoldina, vovô Abel tinha algumas “manias”. Não abria mão de comer mamão todos os dias pela manhã. Segundo ele, era uma fruta amiga, que garantia a saúde e vida longa. O mamão daquela época era grande, amarelo e redondo. Nada a ver com a Papaya ou o mamão Formosa. A fruta nativa tinha fragrância forte e era menos açucarada, de sabor sutil. Crescia nos fundos da casa da Rua Sabóia Lima, na Tijuca. Sem agrotóxicos, era dividido com os passarinhos que freqüentavam o quintal. Ele conhecia cada um deles e não se importava com as bicadas em sua fruta preferida.
Outro de seus pratos preferidos era sopa de inhame. Vovô Abel dizia que sopa de inhame nutre, faz bem ao sangue e ajuda a recuperar quem está doente. É a sopa do aconchego. Era mais fácil achar inhame antigamente. Redondos, bonitos e baratos, estavam disponíveis em qualquer feira livre, que era onde se comprava frutas, verduras e legumes naquele tempo. Hoje, a menos que conheça um bom feirante, você vai pelejar para achar bons inhames. Em grandes supermercados, se tiver sorte, vai encontrar umas bolinhas envergonhadas, caríssimas.
E assim, através das manias do vovô, a família Tavares de Lacerda aprendeu a comer mamão todo dia e tomar sopa de inhame pelo menos uma vez por semana. Aprendeu muitas outras coisas também. São tantas lembranças, histórias e lições que Vovô Abel merecia um livro...Enquanto não aparece alguém com talento para escrevê-lo, relembrar esta receita (se é que se pode chamar isto de receita) é meu jeito de homenageá-lo.
Sopa de Inhame do Vovô Abel
Ingredientes:
- 500g de inhames descascados
- 1 cebola descascada e cortada ao meio.
- Sal a gosto.
- 2 colheres de sopa de manteiga.
- Cheiro verde (salsinha e cebolinha) bem picado, o quanto baste.
- Azeite extra virgem, o quanto baste.
Modo de Preparo:
1. Numa panela, coloque os inhames e a cebola e cubra-os com água.
2. Cozinhe em fogo baixo até que os inhames estejam macios e a cebola transparente.
3. Espere esfriar um pouco e bata todo o conteúdo da panela no liquidificador (na casa do vovô eles passavam na peneira, mas acho que dá muito trabalho...).
4. Volte o conteúdo batido à panela, acrescente a manteiga e acerte o sal. Se a sopa estiver muito encorpada, coloque um pouquinho mais de água.
5. Sirva bem quente, decorando o prato com um fio de azeite e o cheiro verde.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Piadinha
Torcedor leal da Portuguesa de Desportos, este ano de volta à elite do futebol brasileiro, João Carlos Martins acompanhou alguns jogos do time na segunda divisão do campeonato nacional – chegou até a tocar o “Hino Nacional” na abertura de uma das partidas. Naquela noite, foi saudado com festa por autoridades do clube. Um dirigente, eufórico com a presença do músico, tratou de apresentá-lo a uma antiga torcedora lusa:
- A senhora sabe quem é este senhor?
-Quem?
João Carlos Martins!
-Hummm.
-O grande maestro e pianista.
-Hummm.
-João Carlos Martins, o maior intérprete de Bach do Mundo!
-Desculpem, meus senhores, mas eu não freqüento barzinhos!
sábado, 19 de janeiro de 2008
Frango Assado

Logo depois do café comecei a pensar no que fazer para o almoço, pois estávamos com hóspedes. Algo saboroso, que não desse muito trabalho. Saí para o supermercado ainda sem inspiração. Vi um maço de sálvia bem bonito e na hora me veio a idéia: Frango. Frango assado com ervas. Bem temperado, com bastante alho... Não, alho vai ficar muito forte...melhor alho poró. E assim fui bolando o cardápio, que agradou as visitas e até a Gabriela, que, faz tempo, já não é muito fã de galináceos.
Para acompanhar, polenta mole, salada verde e um Pinnotage sul-africano.
Frango Assado com Ervas e Alho Poro
Ingredientes:
- 6 pernas de frango (coxa + sobrecoxa) desossadas.
- Suco de 1 limão.
- 1 colher de sopa de sálvia fresca, picada grosseiramente.
- 1 colher de sopa de alecrim fresco, picado grosseiramente.
- 3 folhas de louro inteiras (frescas).
- 1 colher de sobremesa de tomilho.
- 1 talo de alho poro, fatiado em rodelas finas (apenas a parte branca).
- Sal e pimenta do reino a gosto.
- 1 copo de Sauvignon Blanc.
- Azeite de oliva extra virgem o quanto baste.
- 1 pitada de páprica picante.
Modo de preparo:
1. Em uma tigela grande, faça uma marinada com: limão, sálvia, alecrim, as folhas de louro, tomilho, o alho, sal, pimenta do reino e o Sauvignon Blanc.
2. Coloque as pernas desossadas na marinada e deixe descansando na geladeira por 2 horas.
3. Num refratário, acomode as pernas desossadas, vertendo a marinada sobre elas. Regue com um fio de azeite.
4. Leve ao forno a 260°C por 45 minutos. Após este período, retire o refratário do forno. Se houver o excesso de líquido, retire-o com uma colher. Regue com um fio de azeite. Salpique um pouco de páprica picante, apenas para “dar uma cor”.
5. Volte o refratário ao forno por mais 15 minutos ou até que as pernas desossadas estejam douradas.
6. Sirva imediatamente.
Radiola
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Ultimate Frozen Yogurt da Ana Elisa!

Exceto pela quantidade de iogurte, fiz como a Ana Elisa ensinou. Misturei 1000g de iogurte natural com ½ xícara de açúcar, 2 pitadas de sal e 1 colher de chá de essência de baunilha. Deixei na geladeira por 1 hora e depois levei à sorveteira até tomar consistência. Coloquei num pote de sorvete e deixei no freezer até o dia seguinte.
Queria servir com uma calda de jabuticaba. Procurei em 2 frutarias perto de casa mas não encontrei. Resolvi substituir por calda de cerejas frescas: descarocei 300g de cerejas chilenas extra-grandes (muito fácil, é só usar o descaroçador de azeitonas!). Então, levei-as ao fogo em uma panela pequena com 150g de açúcar e 150ml de água. Deixei cozinhado em fogo baixo por aproximadamente 20 minutos e despejei as cerejas ainda quentes sobre o frozen yogurt. Atenção: não espere desta calda o sabor artificial de maraschino...ela tem gosto frutado, natural e combinou muito bem com o sorvete. Leve, refrescante, perfeito!
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Dia do Caçador
A historinha é verídica e começa assim: Nos anos 80, o Sr. Fulano, um bem sucedido diretor de multinacional, era cliente do Citibank, que lhe dava tratamento vip. Acesso às melhores taxas, cartões, crédito pessoal, gerente-exclusivo, nada de filas, tudo era maravilhoso. Como dizia o slogan daquela época, “The Citi never sleeps...”
Acontece que no começo dos anos 90 o Sr. Fulano resolveu dar uma virada na vida: deixou a multinacional, o cargo e suas mordomias. Abriu um negócio próprio. Continuou com o Citi. Afinal, sempre lhe trataram tão bem...
Infelizmente, o negócio não deu certo. Em cinco anos o Sr. Fulano consumiu todo o seu patrimônio. Para completar, entrou fundo no limite do cheque especial. E descobriu então a verdadeira cara de seu “banco-parceiro” (que no final das contas é a cara de todo banco). Nunca foi tão infernizado pelo gerente-exclusivo e seus assistentes. Depois, agências de cobrança passaram a telefonar para sua casa. Sempre de madrugada (foi quando ele entendeu o que significa “The Citi never sleeps...”).
A dívida foi crescendo, de acordo com as taxas de juros leoninas que o Citi decidia cobrar. Em valores de hoje, R$ 2.000 se transformaram em R$ 30.000!
Como o Sr. Fulano estava “quebrado”, não pagou nada. Nem tinha como. Seu nome ficou “sujo”. Conta em banco privado, talão de cheques e cartão, nunca mais.. Vivia apenas do INSS e de uma mesada que os filhos lhe davam (ainda bem que os filhos estavam todos bem empregados!).
Porém, o golpe mais duro foi mesmo na auto-estima do ex-alto-executivo-de-grande-multinacional.
Passados 10 anos, eis que o departamento jurídico do Citi volta a procurar o Sr. Fulano. Queriam conversar e re-negociar. E a dívida que um dia fora de R$ 50.000 foi liquidada por apenas R$ 1.200! E é por isso que fico indignado. Não teria sido mais fácil fazer esta proposta logo no começo? Resolver o problema, não incomodar mais o Sr. Fulano, deixar o seu nome “limpo”? Impossível. Bancos fazem este jogo sujo, bancos são assim.
Dei esta volta toda para dizer que ontem li, com uma pontinha de alegria, a manchete do Valor Econômico: “Rombo do Citi derruba mercados – (...) O Citigroup anunciou ontem prejuízo de US$ 9.83 bilhões no quarto trimestre do ano passado(...) “. Não resisti e liguei para o Sr. Fulano. Ele se sentiu vingado! Desculpem-me o clichê: um dia é da caça, o outro do caçador.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Simples assim...
Como estou preocupado em tornar mais vegetariano o meu jantar, ontem resolvi experimentar canjiquinha de uma forma mais simples, apenas cozida com legumes refogados no azeite. Neste caso, o único inconveniente foi o tempo de preparo, pois é preciso deixá-la de molho em água por pelo menos 1 hora. No mais, preparei como geralmente preparo arroz e acrescentei os legumes logo que a panela começou a ferver. Tranqüilo, leve e saboroso.
- 200g de canjiquinha.
- 500ml de água fervente.
- 1 cenoura grande descascada e picada em cubos de aproximadamente 2cm.
- 1 abobrinha italiana, com casca, picada em cubos de aproximadamente 2cm.
- 2 dentes de alho espremidos.
- 1 colher de sopa de salsinha fresca picada.
- 2 colheres de sopa de azeite extra virgem.
- 1 colher de café de sal.
Modo de preparo:
1. Lave bem a canjiquinha, da mesma forma que se lava arroz. Deixe de molho em água por 1 hora. (Aproveite este tempo para descascar / picar os legumes, picar a salsinha, descascar o alho, etc.)
2. Em uma panela, aqueça o azeite e refogue levemente o alho, tomando cuidado para não queimá-lo.
3. Escorra a canjiquinha e acrescente-a à panela, junto com a salsinha. Mexa bem.
4. Acrescente a água. Logo que começar a ferver, acrescente os legumes e o sal.
5. Abaixe o fogo, coloque a tampa entreaberta na panela e deixe cozinhando até que a água seque e a canjiquinha esteja cozida.
6. Ao servir, salpique um pouco mais de salsinha picada e regue com um fio de azeite.
domingo, 13 de janeiro de 2008
Relíquia
O “Fogão de Lenha – Quitandas e Quitutes de Minas Gerais”, de Maria Stella Libânio Christo é único, por seu trabalho de pesquisa. A autora, que é mãe do Frei Betto, buscou velhos cadernos de família. Receitas que, durante gerações, passaram de mãe para filha. Estórias e segredos. 300 anos de cozinha mineira em 572 receitas.

Tomei contato pela primeira vez com o “Fogão de Lenha” ainda adolescente. Morávamos em Belo Horizonte. Minha mãe achou tão interessante que comprou dois: um para presentear minha avó e outro que está com ela até hoje. Já adulto, topei de novo com o livro na cozinha da mamãe. Comecei a procurar um para comprar. Descobri que já estava fora de catálogo. Quem sabe na Internet? Quem sabe em alguns sebos? Telefonemas para a Editora. Não. Procura mais. Nada. Acabei desistindo, perdi as esperanças e esqueci do assunto.
A surpresa veio neste último dia dos pais, embrulhada para presente e com a seguinte dedicatória:
“Filho, como um pai especial, você tem alimentado bem, em todos os sentidos, os seus filhotes. Divirta-se com as histórias e fatos interessantes escritos neste livro e também tire bom proveito das receitas. Tenho certeza que a Vó querida ficaria muito contente se soubesse que o ‘Fogão de Lenha’ seria seu um dia. Neste Dia dos Pais de 2007, senti que deveria dar a você o livro que um dia foi de sua avó. Feliz dia, pois, e bon appetit!”
Beijos,
Mãe
S.P. 12/08/2007
Pois é. Eu não sabia que, após a morte da vovó, o exemplar dela ficara com a minha mãe. Repetindo a tradição de séculos, as receitas mineiras passam mais uma vez para a próxima geração! Desta vez de avó para neto, através de uma mãe atenta e carinhosa.
Hoje levantei cedo. Resolvi surpreender as crianças com um pão de queijo fresquinho. Escolhi uma receita do “Fogão de Lenha”. Preparei a massa e coloquei no forno. Enquanto escrevo este texto, os pães estão assando e a Gabi passa um café. O aroma que invadiu a casa me fez voltar no tempo. Acho que uns 300 anos.
Pão de Queijo com Batata *
*Do livro “Fogão de Lenha” – Maria Stella Libânio Christo – Ed. Vozes, 1977
É preciso dizer que as receitas do “Fogão de Lenha” são escritas de forma muito simples: omitem algumas etapas do processo de preparação. As medidas são dadas em “copos”, “xícaras” e “punhados”. Porque naquela época as pessoas (digo, as mulheres) começavam a ter contato com “o cozinhar” muito cedo. Aprendiam olhando as mães, avós e tias. Não é livro para iniciante ou para quem nunca pôs o pé na cozinha. Para este “Pão de Queijo com Batata” fiz as seguintes adaptações:
- Substituí a bnha de porco da receita original pela mesma quantidade de manteiga.
- Converti as medidas para o sistema métrico (g e ml).
- Detalhei todo o processo de preparo.
- Todo mundo sabe (todo mundo?!?) que pão de queijo autêntico deve ser feito com queijo do Sêrro, que é bem salgado. Aqui em São Paulo é difícil encontrá-lo. Como usei queijo de minas padrão ou meia cura(não é o frescal!), que tem menos sal, acrescentei uma colher de café de sal à receita.
Ingredientes:
- 2 colheres de sopa (100g) de manteiga com sal.
- 2 copos (500g) de batata cozida e amassada.
- 2 ovos caipira.
- 2 copos (250g) de polvilho azedo.
- 1 e ½ copo (200g) de queijo de minas (prefira queijo do Serro, se não encontrar substitua por queijo meia cura) ralado.
- 1 colher de café (15g) de sal (no caso de você não usar o queijo do Serro).
Modo de Preparo:
1. Numa tigela grande misture todos os ingredientes e amasse bem com as mãos até formar uma massa pegajosa e homogênea.
2. Pré-aqueça o forno por 10 minutos a 200°C.
3. Enquanto o forno aquece, passe um pouco de óleo de canola nas mãos e enrole a massa em bolinhas de aproximadamente 3 a 5cm de diâmetro. Coloque as bolinhas numa forma untada com óleo de canola.
4. Asse por aproximadamente 45 minutos (ou até que os pãezinhos estejam dourados) à 200°C. NÃO abra o forno até que os pãezinhos estejam prontos.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Arroz Integral com Espinafre e Tomates-Cereja
Gosto muito de arroz integral. Se pudesse, comia todo dia. Prefiro o tipo cateto, de grãos arredondados e sabor que lembra nozes. O da marca “Mãe Terra” tem alguns grãos avermelhados que dão ao prato uma apresentação interessante. Nunca uso o parboilizado da “Uncle Bens” do tipo agulha. Apesar de ser integral não tem gosto de nada.
Tem gente que acha complicado preparar, porque arroz integral demora a cozinhar. Ganho tempo usando sempre a panela de pressão. Preparo geralmente uma porção para 2 pessoas (= 1 copo de requeijão, cheio) que leva 30 minutos para ficar pronta. Neste meio tempo, dá pra preparar uma salada, colocar a mesa e também tomar uns goles de vinho...afinal, ninguém é ferro. Para fazer um arroz integral “simples”, apenas temperado com alho e sal, você pode seguir o modo de preparo da etapa 3 até a etapa 8.
Pensei em usar curry nesta receita. Porém, por ser uma mistura de temperos marcante, achei que o sabor do arroz ia ficar mascarado. Resolvi misturar canela e cominho, o que acabou combinando bem com o espinafre e os tomates, mantendo ainda um toque oriental. Surgiu assim mais um prato para me ajudar a por em prática minha resolução de ano novo 2008!
Ingredientes:
- 200g (1 copo de requeijão) de arroz integral tipo cateto.
- 500ml (2 copos de requeijão) de água fervente.
- 1 colher de sopa de manteiga.
- 2 dentes de alho descascados e espremidos.
- 2 xícaras de folhas de espinafre.
- 15 tomates-cereja cortados em 4 gomos.
- 1 colher de café de canela em pó.
- 1 colher de café de cominho em pó.
- Sal a gosto.
Modo de preparo:
1. Separe as folhas do espinafre e lave-as. Reserve.
2. Lave os tomates e corte cada um em 4 gomos. Reserve.
3. Lave o arroz integral e deixe escorrer bem.
4. Coloque a panela de pressão no fogo alto, sem a tampa. Quando a panela aquecer, acrescente o arroz e mexa de vez em quanto com uma colher de pau.
5. Depois de alguns minutos, o arroz vai começar a “pipocar”. Neste momento, acrescente a manteiga e o alho. Misture e refogue por um minuto, sem deixar o alho queimar.
6. Acrescente a água fervente e tampe a panela de pressão.
7. Quando a válvula da panela começar a chiar, abaixe o fogo e deixe cozinhar por 25 minutos. Após este período, desligue o fogo e espere a panela perder a pressão (aproximadamente 10 minutos. Você saberá quando mexer na válvula e não sair vapor algum).
8. Abra a panela e acerte o sal, misturando o arroz, que ainda deve estar bem quente.
9. Acenda o fogo bem baixo, acrescente a canela em pó, o cominho e o espinafre. Misture até espinafre “murchar” um pouco.
10. Acrescente os tomates cortados, misture e sirva.
sábado, 5 de janeiro de 2008
Vou mas volto!

Zaansemostersoep

Como gosto de provar tudo o que é diferente, foi a minha opção naquela noite. Boa surpresa: a sopa é deliciosa. Pra falar a verdade um achado: saborosa, aveludada, substanciosa.
Voltei ao Brasil e comecei a procurar a receita na internet. Achei várias versões. Imprimi, reli minhas anotações de viagem e fiz as adaptações necessárias. Virou obrigatório no cardápio de inverno aqui de casa. É importante utilizar mostarda escura, com os grãozinhos esmagados aparecendo ( tipo moutarde à l’ancienne). Nenhuma outra tem a pungência e o sabor tão marcantes. Complementam a sopa cubinhos de maçã, que eu acho muito diferente e charmoso. Ou então pancetta torrada em cubinhos (este é o acompanhamento mais comum na Holanda).
Ingredientes:
- 2 batatas grandes cortadas em cubos.
- 1 cebola cortada em quatro.
- 500 ml de água.
- 1 litro de caldo de frango.
- 2 colheres de sopa bem cheias de mostarda escura com grãos (tipo l’ancienne). Se você gostar de sabores fortes, pode até colocar mais um pouco...
- 2 colheres de sopa de requeijão cremoso.
- 2 colheres de sopa de creme de leite.
- 1 maçã cortada em cubinhos de aproximadamente 2cm OU cubinhos pancetta torradas.
Modo de preparo:
1 – Numa panela grande, cozinhe as batatas e a cebola em 500ml de água, até que estejam macias.
2 – Espere esfriar um pouco e bata as batatas e a cebola no liquidificador, com a água que restou na panela.
3 – Volte este “creme “ para a panela e acrescente o caldo de frango.
4 – Verifique a consistência. A sopa deve estar grossa, mas não muito. Se necessário, acrescente um pouquinho de água.
5 - Ligue o fogo e deixe ferver por 3 minutos.
6 – Desligue o fogo, acrescente o requeijão, a mostarda e por fim o creme de leite. Misture bem com um fouet para que a sopa fique homogênea e acerte o sal.
7 – Sirva com os cubinhos de maçã ou cubinhos de pancetta.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Procura-se...

Chocolate de Verdade – antigamente era fabricado no Brasil, um país produtor de cacau (pasme, já fomos grandes exportadores também!). Era feito com manteiga de cacau, ao invés de Polirricinoelato de Glicerila. Costumava derreter na boca.Tinha mais sabor e menos açúcar. Leite integral ao invés de soro. Quem provou no passado conhece a diferença. Hoje, estas características só são encontradas em similares importados da Europa, que, ironicamente, têm como matéria prima o Cacau Brasileiro. Sua fabricação foi suspensa graças à ganância dos produtores, preocupados em baratear o “produto” para aumentar ainda mais seus lucros e vender em grande escala. Se você achá-lo, coma-o devagar e com carinho, como se estivesse conversando com a primeira namorada.
Manga Carlotinha, vulgo Manga Coquinho – pequenininha, doce como mel, deliciosa. Chupava-se pelo menos dez de uma vez. Tinha fiapos, como toda manga de verdade. E a gente não ligava deles grudarem no dente. Gostosa como verão, férias e fazenda. Era vendida nas feiras livres de baciada. Também era roubada do quintal do vizinho que fazia vista grossa, só pelo prazer de ver os moleques serem moleques. Desepareceu graças às variedades híbridas como Palmer, Haden e Tommy, que ficam com a casca bonita (sem manchas), são colhidas ainda verdes e têm maior produtividade. Quem a encontrar fará suas crianças lambusadamente, ou melhor, amareladamente felizes.
Você também tem sua lista de “Procura-se”? Deixe um comentário. Quem sabe ele não vira um “post” do AmuseBouche?
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
Aquilo deu nisso:

Certo, e para acompanhar? Acompanhar o que?!? Já tem carboidrato (mandioquinha) e proteína (bacalhau) neste prato. No máximo uns legumes, talvez ervilhas tortas ou aspargos. Não precisa mais nada. E assunto encerrado!
Corri para o Mercado Municipal. O tempo era pouco para comprar o bacalhau e dessalgá-lo para o jantar. Chegando lá, vou até uma banca de verduras. Encontro aspargos muito bonitos, a bom preço. Vem a idéia de novo: vão ficar ótimos num risotto para acompanhar o bacalhau... Minha consciência retruca, desta vez mais assertiva: tá maluco ou o que? O prato de bacalhau já é cremoso. O risoto também. Este jantar vai ficar que é um creme só. Além disso, pra que arroz? Já tem carboidrato demais neste menu!
Convencido, resolvi que os aspargos virariam uma salada. Passei em outra banca e comprei figos secos e nozes pecam. Entretanto, só para contrariar a consciência, resolvi que a salada também ia levar arroz! E pensar que tudo começou com uma simples Brandade de Bacalhau...
Dica: Se quiser, você pode servir este prato ainda quente, como acompanhamento. Para isso, na etapa 5, mantenha o fogo aceso enquanto misturar os ingredientes.
Ingredientes:
- 1 maço de aspargos finos, bem frescos.
- 200g de figos secos picados.
- 150g de nozes pecam picadas.
- 4 ou 5 colheres de sopa de arroz branco previamente cozido em caldo de legumes (prepare como de costume).
- 1 colher de sopa de manteiga.
- 1 colher de chá de açúcar.
- Sal o quanto baste.
Modo de preparo:
1. Lave bem os aspargos.
2. Limpe os aspargos: corte e descarte a parte mais clara e fibrosa dos talos (os 10cm da parte inferior). Corte os brotos em pedaços de aproximadamente 10cm e reserve. Pique o restante em pedacinhos de aproximadamente 1cm e reserve.
3. Leve ao fogo 1 litro de água + 1 colher de sobremesa de sal + 1 colher de chá de açúcar. Quando levantar fervura, junte os brotos e os talos de aspargo. Deixe cozinhar por aproximadamente 1 minuto e meio. Escorra e mergulhe em água fria imediatamente, para interromper o cozimento. Os aspargos devem ficar firmes. Reserve.
4. Numa frigideira grande, salteie as nozes pecam na manteiga com 1 pitada de sal, até que fiquem levemente douradas. Acrescente os figos picados, mexendo bem.
5. Apague o fogo e junte os aspargos e o arroz à frigideira. Acerte o sal.
6. Coloque em uma travessa e leve à geladeira. Na hora de servir, regue com azeite extra virgem.